Voto de Pesar pelo falecimento de Max Stahl

Presidência do Conselho de Ministros

VIII Governo Constitucional

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Dili, 28 de outubro de 2021

Comunicado de Imprensa

Voto de Pesar pelo falecimento de Max Stahl

Foi com profundo pesar que o Governo de Timor-Leste recebeu a notícia do falecimento de Max Stahl, jornalista e realizador, responsável pela filmagem das imagens do Massacre de Santa Cruz, em 1991, que permitiram chamar a atenção para a situação que o País vivia, e colocar Timor-Leste no topo da agenda internacional, o que se tornou num importante contributo para a autodeterminação  do Povo Timorense.

Max Stahl faleceu hoje, dia 28 de outubro, em Brisbane, vítima de doença prolongada, no mesmo dia em que se assinalam os 30 anos da morte de Sebastião Gomes, que originou a homenagem que culminou no massacre de Santa Cruz.

Christopher Wenner, mais conhecido como Max Stahl, nasceu a 6 de dezembro de 1954 no Reino Unido.

Depois ter passado por vários cenários de conflito, sobretudo na América Latina, em agosto de 1991, Max Stahl vem para Timor-Leste para filmar o documentário que viria a chamar-se “In Cold Blood: The massacre of East Timor”.

A 12 de novembro de 1991, acompanhou e filmou a marcha de homenagem da Igreja de Motael até à campa de Sebastião Gomes, que culminou no Massacre do Cemitério de Santa Cruz, em que centenas de jovens timorenses foram mortos pelos militares indonésios. As imagens correram o mundo e deram a conhecer internacionalmente o drama timorense.

O seu profissionalismo e a sua extrema coragem deram um impulso fundamental à frente diplomática, catapultando Timor-Leste para as primeiras páginas dos meios de comunicação mundiais, depois de vários anos em que a situação timorense permanecia adormecida para a comunidade internacional.

Max Stahl entrevistou vários líderes da resistência timorense, como o Comandante David Alex Daitula e o Comandante Nino Konis Santana.

Criou o Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL), com o intuito de preservar e divulgar a coleção audiovisual que documenta o período da resistência, os acontecimentos durante e após o referendo e os primeiros anos da independência até aos dias de hoje. Em 2013, esta coleção foi reconhecida pela UNESCO, ao ser inscrita no Registo da Memória do Mundo, um programa criado com o objectivo de proteger e promover o património documental mundial através da conservação e do acesso aos documentos.

Em 2000, recebeu o Rory Peck Award, um prémio que homenageia jornalistas de vídeo independentes. Recebeu muitos outros prémios em reconhecimento do seu trabalho em zonas de conflito, como as guerras dos Balcãs e de El Salvador.

Em 2009, foi condecorado com a Insígnia da Ordem de Timor-Leste e em 2019 recebeu o Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração nacional.

Também em 2019, foi-lhe atribuída a nacionalidade timorense pelo Parlamento Nacional, num ato que “representa a homenagem do Povo de Timor-Leste ao espírito humanista, altruísmo e extraordinária coragem de Max Stahl” e que “expressa o agradecimento e reconhecimento dos feitos excecionais praticados por um homem excecional”.

O Porta-voz do Governo, o Ministro Fidelis Magalhães, em nome do Governo e de todo o Povo Timorense, apresentou as suas mais sentidas condolências à família e amigos do estimado Max stahl e afirmou que “o Povo Timorense estará para sempre grato pela sua contribuição para a autodeterminação nacional” e que “a sua coragem e o legado do seu trabalho perdurarão para sempre na memória de todos nós”. FIM

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