Primeiro-Ministro lança oficialmente os novos modelos de selos para Timor-Leste

Dom. 28 de novembro de 2010, 18:10h
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O Primeiro-Ministro aproveitou a ocasião da comemoração do 35.º Aniversário da Proclamação da Independência para, numa cerimónia no Parlamento Nacional e acompanhado de todos quantos haviam assistido às comemorações oficiais, lançar os novos modelos de selos para Timor-Leste.

Assim, Xanana Gusmão, apresentou aos convidados um envelope timbrado, com os seis selos e uma pequena brochura explicativa dos mesmos, e ofereceu alguns deles simbolicamente assinados pelo próprio.

Kay Rala Xanana Gusmão mostrou-se satisfeito com o lançamento dos selos de Timor-Leste, no Ano Internacional da Biodiversidade, como forma de divulgação das diversas espécies de animais representativos dos répteis e anfíbios do país.

O levantamento herpetofaunístico foi feito pela Universidade de Timor Lorosa’e, em Díli, em parceria com o Colégio de Victor Valley, Victorville, Califórnia,  faz parte de um programa académico conhecido como Iniciativa de Pesquisa Tropical e tem o alto patrocínio do Presidente da República, José Ramos-Horta, e do Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão. Hinrich Kaiser é o líder deste projecto e, segundo as suas palavras, está orgulhoso de poder ter contribuído para este dia ao mesmo tempo que relembra que “os animais representados nestes selos são familiares a todo o Povo de Timor-Leste, sendo que alguns deles estão até enraizados no espírito nacional”.

Durante as administrações Portuguesa e Indonésia, pouca pesquisa herpetofaunística foi feita. Como consequência, a herpetofauna conhecida consistia apenas numa lista extrapolada das listas de espécies de outras ilhas do arquipélago de Lesser Sunda.

O presente projecto iniciou-se em 2009 com vista a determinar a verdadeira diversidade herpetofaunística no primeiro país do século XXI, tendo sido  o trabalho de campo  realizado em onze dos treze distritos, onde foram descobertas diversas novas espécies que esperam descrição/catalogação.

São seis os selos postais: dois de 50 cêntimos (um com a Rã de Timor e outro com a Tartaruga de Timor), dois de 75 cêntimos (um com a Vipérida da Ilha e outro com o Monitor de Timor) e dois de um dólar (um com o Crocodilo de Água Salgada e outro com a Serpente Cor de Bronze).

 

Rã de Timor Limnonectes timorensis

O género limnonectes contém mais de cinquenta espécies, distribuídas pelo arquipélago Indo-Malaio e este é o único representante conhecido na ilha de Timor. Embora muitas outras espécies deste género tenham uma pele áspera e verrugosa, a rã da ribeira de Timor tem uma pele extremamente macia, e as poucas verrugas existentes encontram-se nos flancos do corpo, por baixo de um par de cristas distintas que separam o dorso dos flancos. É uma rã de rio, grande, alerta, com olhos grandes e com membros posteriores fortes que lhe permitem saltar distâncias consideráveis para escapar de um predador. Os dedos dos membros posteriores são parcialmente palmípedes para permitir a sua deslocação dentro de água.

Tartaruga de Timor Chelodina timorensis

A tartaruga pescoço de cobra de Timor é provavelmente endémica em Timor-Leste e aparentemente só poderá ser encontrada no lago Ira Lalaro, distrito de Lautém. Acredita-se estar estreitamente relacionada com as tartarugas da ilha de Rote junto da ponta sudoeste de Timor-Ocidental (Indonésia). Estas tartarugas com pescoço de cobra são de um grupo Papua-Australiano de tartarugas de água doce carnívoro, que possuem pescoços extremamente compridos, mais longos que os seus próprios corpos. As suas presas são peixes, crustáceos e moluscos. A presença desta tartaruga, somente num único lago, constitui um forte argumento para se considerarem fortes medidas de conservação de forma a prevenir a sua exploração e extinção. Existe actualmente alguma controvérsia sobre o nome científico desta tartaruga. Aqui designamo-la pelo nome usado na descrição original.

Vipérida da Ilha Cryptelytrops insularis

A Viperina da Ilha, assim denominada devido ao órgão sensível ao calor entre o olho e a narina, é a única serpente terrestre, venenosa e de presas frontais existente em Timor-Leste. Este tipo de serpente pode atingir até 1m de comprimento, está distribuída nas planícies do Norte e do Sul do país, e é facilmente encontrada. A sua constituição musculada, a cauda preênsil e a coloração verde poderão sugerir que exista sobretudo nas árvores mas pode também ser facilmente encontrada na terra, caçando anfíbios ou pequenos mamíferos. Isto poderá acontecer pois Timor-Leste não possui apenas viperinas terrestres, tal como ocorre em outros pontos do arquipélago Indo-Malaio, e esta viperina não tem qualquer tipo de concorrência. Embora as mordeduras de serpentes sejam pouco frequentes em Timor-Leste, há registo de casos fatais deste tipo de serpentes noutras partes da região do arquipélago de Sunda Menor, pelo que devem ser tratadas com respeito e os encontros deverão ser evitados.

Monitor de Timor Varanus timorensis

O Monitor de Timor pode atingir um comprimento máximo de 0.7m incluindo a cauda, sendo que esta quase atinge o dobro do comprimento do seu corpo. Este réptil é razoavelmente pequeno comparando com os outros da mesma familia, como por exemplo, o dragão de Komodo (varanus komodoensis) que vive a curta distância, mais especificamente a Noroeste da região do arquipélago de Sunda Menor. O Monitor de Timor é um lagarto de corpo alongado, com membros e garras poderosas e uma longa cauda preênsil. Este réptil vive nas árvores e assemelha-se aos Monitores das árvores da Austrália e da Nova Guiné, embora esta espécie esteja confinada a Timor e às ilhas vizinhas de Rote e Sawu. As suas presas são pequenos lagartos e grandes invertebrados. O Monitor de Timor é mais frequentemente encontrado nas áreas costeiras, perto de palmeiras e outras árvores, que lhe permitem caminhos para fugas rápidas. São conhecidos pelos padrões da sua pele, de extremidades escuras, rosetas centrais de cor viva sobre um luzidio fundo castanho.

Serpente Cor de Bronze Dendrelaphis inornatus timorensis

Este tipo de serpente pertence a um género muito comum que contém quase 30 espécies existentes desde a Índia até ao Norte da Austrália. As Serpentes dorso de bronze, como são chamadas as espécies Asiáticas, ou serpentes de árvores, como são conhecidas na Austrália-Papua, são altamente atentas, rápidas, diurnas, com olhos grandes, corpos delgados e caudas longas. A serpente dorso de bronze de Timor é uma das subespécies orientais da serpente dorso de bronze da Ilha de Lesser Sunda, e que existe também nas ilhas vizinhas de Rote a Weter. Apesar da sua exposição brava, temível, esta serpente é inofensiva e não é venenosa, alimentando-se de rãs e lagartixas.

Crocodilo de Água Salgada

O Crocodilo de água salgada é o maior réptil vivo no mundo que pode ser encontrado desde a Índia até ao Norte da Austrália, inclusive nos rios, nas lagoas litorais, e nas águas costeiras do Timor-Leste. Este crocodilo, que pode atingir mais de 6m de comprimento, é conhecido também como crocodilo estuarino e crocodilo Indo-Pacífico e é um dos poucos répteis vivos que considera o Ser Humano como presa. Contudo, apesar dos ataques ocasionais deste crocodilo em Timor-Leste, este enorme animal é muito respeitado por estar fortemente associado ao folclore da ilha de Timor. No mito de origem da ilha, foi um crocodilo que se transformou em Timor após uma aventura no mar com um menino que salvou a sua vida. Os crocodilos de água salgada podem ser encontrados nos riachos dos grandes rios de Timor-Leste mas são mais frequentemente encontrados nos rios mais calmos a Leste de Díli ou ao longo da costa Sul. Embora o número exacto da sua população não tenha sido apurado, esta não parece estar ameaçada como em outras regiões onde habita.

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