O PEDN pode ser implementado conforme a necessidade do povo
O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, deu continuidade à consulta sobre o Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional (PEDN) no sub-distrito de Ataúro, no distrito de Díli. O Chefe do Governo foi acolhido pelos membros do Governo Local e pelo Comandante da Polícia do Esquadrão Distrital de Díli, que o acompanharam desde o Porto de Ataúro, até ao local reservado às sessões de consulta do PEDN, na Vila de Ataúro.
O Administrador do sub-distrito de Ataúro, colocou sobre o Primeiro-Ministro, os trajes tradicionais de Ataúro que recebeu várias ofertas da comunidade de Ataúro: um kohe mama (saca para aperitivos de mascar) que, pendurado no pescoço do Primeiro-Ministro, simboliza a saca de farnel geralmente utilizada pelos pescadores, o kaibauk (espécie de coroa) fabricado de folhas de palmeira, simbolizando o resguardo também utilizado pelos pescadores para cobrirem a cabeça e o babadok (espécie de tamborim) que simboliza o divertimento nas reuniões junto do edifício da casa tradicional.
A abertura da sessão pelo Administrador do sub-distrito, Manecas da C. Soares, antecedeu as reflexões sobre o PEDN e serviu para apresentar geograficamente o sub-distrito, composto por 5 Sucos: o suco de Maumeta, o de Beloi, de Maquili, Macadade e o de Biqueli, com 19 aldeias.
A ilha de Ataúro é confrontada a Leste pelo estreito de Wetar, a Norte pelo de Sawu, a Sul pelo estreito de Ombai e a Oeste pelo o de Alor. Ataúro tem uma extensão de 151km2, com um número populacional de 4,987 do sexo masculine e 4,852 feminino, sendo um total de 9.839 habitantes e 2068 chefes de família, dado recolhido através do recenseamento organizado recentemente.
A população dedica-se essencialmente à pesca e também à agricultura e comércio. Ataúro conta com 1 Centro de Saúde e 4 Clínicas, uma Esquadra de Polícia sub-distrital e uma Esquadra Marítima e de Migração.
O Administrador do sub-distrito, para além das apresentações, submeteu à consideração do Primeiro-Ministro questões relacionadas com a agricultura, com a dispensa de tractores, capacitação dos pescadores no âmbito do uso de aparelhos de pesca, a reflorestação, reparação e desenvolvimento dos sectores da pecuária, indústria, incentivo ao sector de turismo uma vez que a ilha tem potencialidades devido às elevações de Manukoko, às grutas e praias de areia branca e às paisagens submarinas à volta do porto.
Os líderes comunitários expressarem também as suas preocupações no que respeita à falta de um posto sanitário, de água potável, às fracas condições do sistema de canalização da água e que resultam em cortes de estradas, de electricidade. Outras observações diziam respeito à falta de estabelecimentos de ensino secundário, para aliviar os fracos recursos de que a população dispõe para remeter os filhos com frequência às aulas em Díli; as ligações entre a população de Ataúro com a de Liran, Wetar, Kisar; reabilitação das escolas e casas para os professores e pontes para facilitar a ligação através das ribeiras.
Foi sugerido, pelos mesmos, a cedência de projectos aos filhos de Ataúro, com vista a assegurar a responsabilidade pelas obras; a necessidade de reconstrução do lar social, que ainda está destruído e abandonado; a residência do Administrador do sub-distrito de Ataúro para recepção dos membros do Governo ou demais entidades.
O alargamento das estradas, o abatimento de árvores já fora do ciclo de vida, a fixação das redes junto à margem das ribeiras, a necessidade de uma escavadora, a correcção das falhas na recolha de dados sobre os idosos; a celeridade no processo de pagamento aos veteranos da resistência; a necessidade de equipamentos de pesca; as pensões a ser atribuídas aos ex-líderes do CNRT foram outras das preocupações enumeradas.
Sugeriram a edificação de um monumento aos prisioneiros que faleceram durante o período de desterro, o recrutamento de novos agentes policiais nativos de Ataúro, especial atenção aos ex-desterrados residentes em Ataúro e a dispensa de bolsas de estudo aos filhos dos mesmos. As suas preocupações recaem também sobre a questão das empresas que abandonam a obra sem esta estar concluída, os salários que ainda não foram pagos aos trabalhadores contratados por essas empresas e o estabelecimento de um Centro Juvenil.
Em resposta a estas preocupações, o Primeiro-Ministro, convidou os presentes para uma reflexão sobre a independência procurando descobrir a capacidade para manter a tradição dos antecessores, passada de geração em geração, e que assegura o rumo do Governo que já vai completar 8 anos de exercício no poder.
Referiu ainda que o Estado está em dívida perante os serviços prestados pelos sub-distritos, sucos e aldeias entre outros, e prestará o seu reconhecimento: “solicito a todos que não sejam levados pela tentação de considerar tudo de um ponto de vista negativo, acto gerador de conflito. Garantam que o Estado não recorre a despesas de grande escala em busca de soluções para as questões, e que o dinheiro seja aplicado para cuidar da vida da população. Apelo a que todos tentem buscar as soluções dos problemas com base no diálogo” aconselhou o Chefe do Governo.
Relativamente às questões apresentadas pelos líderes comunitários, Kay Rala Xanana Gusmão, defende que para avançar é preciso saber evitar problemas, mas caso estes existam, a solução deve basear-se no diálogo para que o PEDN possa fazer desenvolver o território com infra-estruturas básicas disponíveis a cada sector. Se o Estado deve cumprir as suas obrigações, o mesmo deve acontecer com a comunidade, garantindo o bom funcionamento das instalações do Estado.
Acompanharam o Primeiro-Ministro, o Pároco, os Secretários de Estado da Política Energética, Avelino Coelho; da Electricidade, Água e Urbanização, Januário Pereira; da Segurança, Francisco Guterres; da Agricultura e Arboricultra, Marcos da Cruz; da Defeza, Júlio Tomás Pinto; das Obras Públicas, Domingos Caeiro; da Cultura, Virgilio Simith; o Comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste, o Comissário Longuinhos Monteiro e o Inspector Polícial do Distrito de Díli, Pedro Belo.