Timor-Leste Reconhecido pela OMS como País Livre de Malária

A Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 24 de julho de 2025, certificou oficialmente Timor-Leste como país livre de malária, reconhecendo o esforço nacional de mais de duas décadas para eliminar uma das doenças tropicais mais mortíferas e persistentes. Com esta certificação, Timor-Leste torna-se o terceiro país da região do Sudeste Asiático da OMS a alcançar este feito, depois das Maldivas e do Sri Lanka, e soma a sua segunda eliminação de uma doença em menos de dois anos, após o reconhecimento, em 2024, da eliminação da filaríase linfática.
O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, afirmou que “esta vitória pertence aos nossos incansáveis profissionais de saúde e a cada família que apostou na prevenção. Durante mais de 20 anos, combatemos aldeia a aldeia, família a família. Prova-se assim que nem as doenças mais letais resistem à determinação do povo timorense”.
A Ministra da Saúde, Élia António de Araújo dos Reis Amaral, sublinhou que a malária foi, durante décadas, um dos maiores desafios de saúde pública em Timor-Leste. “Perdemos muitas vidas para uma doença que deveria ser evitável. Mas os nossos profissionais nunca desistiram, as nossas comunidades mantiveram-se firmes e os nossos parceiros, como a OMS, estiveram sempre ao nosso lado. A eliminação da malária honra cada vida perdida e cada vida agora protegida. Cabe-nos, agora, manter esta conquista com vigilância contínua e ação comunitária”, declarou.
A certificação da OMS atesta que o país conseguiu interromper, de forma sustentada, a transmissão autóctone da malária durante pelo menos três anos consecutivos. Timor-Leste registava, em 2006, mais de 223 mil casos de malária, tendo conseguido reduzir esse número para zero casos indígenas a partir de 2021. Este resultado é particularmente notável tendo em conta as condições tropicais e montanhosas do país, que favorecem a proliferação do mosquito transmissor da doença.
Segundo o Representante da OMS em Timor-Leste, Arvind Mathur, este é “um triunfo nacional exemplar, sustentado por liderança determinada, trabalho incansável dos profissionais de saúde e pela coragem das comunidades. Timor-Leste manteve-se firme — a testar, tratar e investigar rapidamente. Acabar com a transmissão e manter zero mortes exige mais do que ciência; exige resiliência”.
O Fundo Global, que tem apoiado Timor-Leste desde 2003, também saudou o feito e comprometeu-se a continuar a apoiar o país até 2026, através de investimentos específicos para prevenir a reintrodução da malária, reforçar os sistemas de saúde e apoiar os trabalhadores comunitários.
O reconhecimento da OMS foi precedido por várias missões de avaliação, conduzidas entre 2023 e 2025, que confirmaram a ausência de transmissão autóctone e a robustez do sistema nacional de vigilância epidemiológica. Esta conquista foi ainda destacada pela rede APMEN (Asia Pacific Malaria Elimination Network), que considerou a certificação um marco regional e uma inspiração para outros países do Pacífico e da Ásia do Sul.
Timor-Leste continuará, nos próximos anos, a implementar o Plano Nacional de Prevenção da Reintrodução da Malária (2021–2025) e o Plano Nacional de Doenças Transmitidas por Vetores (2021–2030), com a promoção da integração dos serviços de malária com outros programas de saúde pública e o reforço da colaboração transfronteiriça, nomeadamente com a Indonésia.