Cerimónia de reconhecimento e desmobilização dos Antigos Combatentes das Forças Armadas da Resistência de Timor Leste
Timor-Leste comemorou o 36o Aniversário das FALINTIL, a par da cerimónia de reconhecimento pelos méritos prestados e a desmobilização dos membros da Frente Armada da Resistência, decorrido a 20 de Agosto, no Palácio do Governo.
A cerimónia foi presidida pelo Presidente da República, José Ramos-Horta. Assistiu-se ao hastear da Bandeira Nacional; à entrega simbólica, pela parte do ex-comandante das FALINTIL, Kay Rala Xanana Gusmão e o Major-General Taur Matan Ruak, ao Chefe do Estado, das armas utilizadas durante a guerrilha; à atribuição, aos antigos combatentes da Pátria, dos distintivos de honra e medalhas de comemoração com o grau superior, médio e inferior.
Foram agraciados com o grau superior o actual Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão; Mauhuno; o Major-General das F-FDTL, Taur Matan Ruak; o Presidente da FRETILIN, Francisco Guterres Lu’Olo e o Brigadeiro-General das F-FDTL, Lere Anan Timor.
José Ramos-Horta, no seu discurso, salientou: “A Frente Armada, que actuou ao longo de mais de vinte anos como estafeta do brasão da Liberdade da Pátria, tornou-se clandestinamente uma candeia que iluminou o coração da comunidade timorense na luta pela libertação. Foi a Frente Armada que incentivou a existência das outras frentes, nomeadamente a Frente Diplomática que, pouco a pouco mas com firmeza, conquistou, de ano para ano, o apoio e a simpatia do mundo pela nossa luta, face à necessidade de ouvir e respeitar o direito pela autodeterminação dos timorenses. A Frente Clandestina expandiu a resistência a partir das zonas montanhosas até aos lares, às vilas e cidades, transformando a nossa resistência cada vez mais diversificada pressionando as forças ocupantes. Vamos atribuir, nesta primeira cerimónia, a nossa homenagem aos duzentos e trinta seis efectivos, homens e mulheres, da ex-força da guerrilha que prestaram serviço ao longo de 15 a 24 anos da Frente Armada”.
O Presidente da República relembrou, ainda, que “os guerrilheiros actuaram com modéstia, coragem, determinação, prontos a arriscarem, ano após ano, a sua própria vida, sustentando com firmeza a aspiração pela independência. De entre os guerrilheiros, distinguiram-se militares e civis que actuaram como vanguarda dos militares das FALINTIL, sabendo prestar ajuda e abrir espaço para a actuação das nossas Forças. O nosso testemunho e a nossa gratidão encher-se-ão de força e alento nas próximas cerimónias a terem lugar noutras localidades, pois os nossos veteranos estão espalhados por todo o território de Timor-Leste. As Forças Armadas reflectem uma mútua cooperação, em espírito de fraternidade, entre civis e militares na prestação dos seus serviços. A unidade e o sacrifício em prol da libertação do Povo passa a ser também uma grande lição prestada pelas FALINTIL a nosso favor e servirá de orientação para os recém-integrados como membros das F-FDTL. As FALINTIL, Forças de Defesa de Timor-Leste encontram-se numa fase de renovação e de modernização. Sob a liderança do nosso irmão Taur Matan Ruak, as F-FDTL estão, neste momento, a ser submetidas a uma transformação para se tornarem uma força moderna, profissional e capacitada para cumprir uma nova missão, protegendo a soberania da Pátria Libertada”.
Participaram nas cerimónias da comemoração o Presidente do Parlamento Nacional, Fernando Lasama de Araújo; o Presidente do Tribunal de Recurso, Cláudio Ximenes; o Vice-Primeiro-Ministro, José Luís Guterres; a Procuradora-Geral da República, Ana Pessoa; o Reverendíssimo Bispo da Diocese de Maliana, D. Norberto Amaral; o Vigário Geral da Diocese de Díl; os membros do Governo e do Parlamento Nacional; o Ministro da Defesa da Indonésia e a sua comitiva; a delegação angolana e membros do corpo diplomático entre outros convidados.
