Índice Global da Fome deturpa o progresso em Timor-Leste

Ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros e

 Porta-voz Oficial do Governo de Timor-Leste

Díli, 17 de outubro de 2014

Índice Global da Fome deturpa o progresso em Timor-Leste

O Índice Global da Fome (em inglês “GHI”), publicado na segunda-feira, levou ao aparecimento nas manchetes dos jornais, via Reuters, do título: “Burundi, Eritreia e Timor-Leste no topo da tabela do Índice Global da Fome”.

Juntamente com o seu diagrama de “Vencedores e Vencidos”, o Índice é um dos muitos rankings compilados nos países em desenvolvimento, apresentando-se como fonte autorizada sobre o progresso em desenvolvimento. Para além das suas classificações e rankings questionáveis, o que é mais alarmante no Índice Global da Fome de 2014 é o facto de representar um cenário onde Timor-Leste é um país que falha em progredir. Esta tendência, retratada pela subida da classificação do país, de 25,7 em 2005 para 29,8 em 2014, é contrariada por dados disponíveis, incluindo os dados que os autores do Índice Global da Fome alegam utilizar.

Em países como Timor-Leste, onde os desafios são consideráveis, o progresso constante deve ser celebrado e utilizado para motivar o alcance de ainda mais objetivos. A deturpação é potencialmente desmoralizadora e desestabilizadora.

Nos últimos anos, Timor-Leste registou progressos significativos nos três indicadores do Índice Global da Fome: subnutrição, percentagem de crianças com peso inferior ao ideal e mortalidade infantil.

No primeiro indicador do Índice Global da Fome, a proporção de subnutridos residentes enquanto percentagem da população, o autor alega que usa números da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (em inglês “UN-FAO”), de 2014. Na medida em que estes números não são legitimados por dados conclusivos, o que na verdade ilustram é um avanço, com um decréscimo constante de 34% em 2005-2007 para 28,8% em 2012-2014. Como é que os autores deste Índice podem alegar 38,3% para o período de 2011-2013, é um mistério.

O segundo indicador do Índice Global da Fome é “a percentagem de crianças com peso inferior ao ideal”, um desafio considerável ao qual Timor-Leste está a responder em diversas frentes, com resultados positivos. Dados fiáveis do Estudo dos Padrões de Vida de Timor-Leste (Timor-Leste Survey of Living Standars – TLSLS) de 2007, do Estudo Demográfico e de Saúde (em inglês Demografic Health Survey DHS) de 2009-2010 e do Estudo sobre Alimentação e Nutrição, apoiado pela UNICEF, mostram que os níveis estão a descer significativamente de 48,6% para 44,7% e agora para 37,7%.

Na área da mortalidade infantil, Timor-Leste conseguiu uma incrível redução na taxa de mortalidade das crianças com menos de cinco anos. Em 2002, dos que nasceram vivos, registaram-se 125 mortes por 1000, tendo este número reduzido para 64 de acordo com o Estudo Demográfico e de Saúde de 2009-2010. Apesar de ainda haver muito para ser feito, este é um progresso de que Timor-Leste se pode orgulhar.

O Porta-voz do Governo, o Ministro Ágio Pereira, salientou que “o Índice Global da Fome não representa com exatidão a situação atual de Timor-Leste e debilita o trabalho árduo que está a ser feito por parceiros timorenses e internacionais para melhorar as condições do país. Esperamos que os restantes países do g7+ tenham sido avaliados com mais rigor. Na realidade, os dados demonstram de facto que estamos a registar um progresso significativo em relação aos desafios incríveis que temos de enfrentar. O Governo continua a agradecer as contribuições que se revelam úteis e que auxiliam os nossos esforços para elevar a qualidade de vida dos cidadãos de Timor-Leste.”

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