Primeiro-Ministro defende necessidade de reforçar a paz global e de reformar o sistema multilateral
O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, participou no dia 22 de setembro de 2024 na Cimeira do Futuro, realizada na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, onde proferiu um discurso incisivo sobre a necessidade de reforçar a paz global e de reformar o sistema multilateral. O evento decorreu à margem da 79.ª Assembleia Geral da ONU e contou com a presença de líderes de dezenas de países.
No seu discurso, o Primeiro-Ministro sublinhou o papel da independência de Timor-Leste como um triunfo não apenas para o povo timorense, mas também para o sistema internacional, destacando que “a independência de Timor-Leste foi uma conquista do povo timorense, mas também um triunfo do sistema internacional”.
Ao abordar os desafios globais, Kay Rala Xanana Gusmão alertou para a crescente disparidade entre países ricos e pobres, criticando a falta de soluções multilaterais para assegurar a paz em várias regiões do mundo. “A Comunidade Internacional ainda não encontrou soluções multilaterais para um futuro de paz para muitas nações do mundo – desde a Palestina à Ucrânia, do Iémen ao Sudão, da República Centro-Africana à República Democrática do Congo, do Afeganistão ao Myanmar, e do Haiti a tantos países frágeis e em conflito”, afirmou.
O Primeiro-Ministro reforçou ainda a necessidade de uma reforma estrutural no Conselho de Segurança da ONU, descrevendo-o como “obsoleto, ineficaz e pouco representativo da realidade” e defendeu a necessidade do “alargamento dos membros permanentes do Conselho de Segurança, para uma maior representatividade e legitimidade — geográfica, cultural e económica.” O Chefe do Governo acrescentou ainda que “uma organização internacional só é credível se responder às necessidades atuais e não se fechar num mecanismo criado para fazer face a problemas de há quase 80 anos”
No contexto do desenvolvimento sustentável, o líder timorense enfatizou o papel essencial da educação na promoção da paz e da prosperidade a longo prazo. “Sabemos que sem paz não há condições para o desenvolvimento. É, por isso, que investir na educação dos nossos jovens, é o melhor investimento para o desenvolvimento sustentável e para a paz”, defendeu.
Ao encerrar o seu discurso, Xanana Gusmão lançou um apelo global para a promoção de um Pacto para o Futuro, frisando que a comunidade internacional deve unir esforços para enfrentar os desafios globais atuais e futuros. “É urgente um pacto para o futuro — um pacto de reforma, que olhe para o futuro com base nos desafios globais do presente, e que renove a confiança de todos, em particular, da nova geração que o irá concretizar”, concluiu.
A Cimeira do Futuro foi marcada pela aprovação do Pacto para o Futuro e dos seus anexos – o Pacto Digital Global e a Declaração sobre Futuras Gerações – documentos históricos que visam reforçar o multilateralismo e enfrentar crises globais, como as alterações climáticas, a inteligência artificial e a pobreza. António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, saudou a adoção do Pacto, afirmando que este "resgata o multilateralismo do abismo" e abre “caminhos para novas possibilidades e oportunidades” de cooperação internacional.