A pouco menos de três meses da realização da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Comissão de Preparação do evento organizou uma Conferência que juntou, na capital de Timor-Leste, os mais altos quadros da nação, para além de representantes de quase todos os países da Comunidade.
“A CPLP no Contexto internacional: Desafios e Oportunidades”, foi o tema deste encontro apresentado pelo Vice-Presidente da Comissão de Preparação da Cimeira, Luís Amado, no dia 5 de Abril, em Díli. O objectivo foi contextualizar a importância de Timor-Leste assumir a Presidência rotativa da CPLP numa altura de grandes mudanças, a nível mundial.
“Nem todos ainda se aperceberam da importância, da relevância, da Presidência da CPLP ser de Timor-Leste”, afirmou o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, sublinhando que essa importância serve para ambos os lados: CPLP e Timor-Leste. Luís Amado lembrou que Timor-Leste tem o privilégio da sua localização geoestratégica dando à Comunidade um alargamento de horizontes, “uma expansão para a Ásia e Pacífico”.
A ligação à CPLP é histórica e cultural, quer pela língua – o Português é, juntamente com o Tétum, língua oficial de Timor-Leste – quer pela influência do domínio de Portugal, mas sobretudo pelo apoio prestado pelos Estados-membros durante a luta pela independência.
A Presidência bienal da CPLP acontece numa altura em que Timor-Leste se tem vindo a afirmar internacionalmente (a nível regional com a candidatura à ASEAN e mundial com o seu papel activo no g7+) e traz novas possibilidades de posicionamento, não só na sua região como no mundo, uma vez que a CPLP está representada, através dos seus membros, nas principais organizações regionais.
A candidatura de Timor-Leste à ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), sublinhou Luís Amado, irá complementar e reforçar a posição de Timor-Leste a nível regional, numa altura em que a economia mundial se está a movimentar, com alguns países asiáticos a ganharem cada vez mais peso. Segundo Luís Amado, este posicionamento regional por parte de Timor-Leste poderá ser reforçado politicamente pela CPLP, e, ao mesmo tempo, dar uma nova dimensão, um novo impulso à CPLP.
A conferência foi organizada pela Comissão de Preparação da Cimeira na sequência do trabalho iniciado em Fevereiro, que incluiu vários encontros de trabalho e deslocações aos países da CPLP, e tem como objectivo preparar Timor-Leste para a Cimeira, que irá decorrer em Julho, marcando o início da Presidência bienal de Timor-Leste na Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Esta é a primeira vez que Timor-Leste vai dirigir a organização desde que se tornou Estado-membro, em 2002 – ano da restauração da sua independência.
A CPLP, recorde-se, é composta por oito Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, estando neste momento em apreciação a candidatura da Guiné Equatorial.