Estudos recentes indicam que a opção Plataforma Flutuante de GNL é um risco caro para Timor-Leste

Ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros e

Porta-voz Oficial do Governo de Timor-Leste

Díli, 18 de Abril de 2013

Estudos recentes indicam que a opção Plataforma Flutuante de GNL é um risco caro para Timor-Leste


Uma Avaliação Comparativa de Alto Nível sobre os benefícios de uma base fixa de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Timor-Leste versus uma Plataforma Flutuante de Gás Natural Liquefeito (PFGNL) mostra uma clara advertência contra os graves riscos da opção pela Plataforma Flutuante de GNL para o Greater Sunrise. O relatório foi encomendado pelo Governo de Timor-Leste, que pretendia obter uma terceira opinião, face aos dois estudos anteriores, tendo sido um deles submetido pela própria empresa petrolífera Woodside. As estimativas iniciais dos custos de capital e dos custos de operação demonstram que a opção de Timor-Leste é significativamente mais viável do ponto de vista económico, tendo em conta que a tecnologia de PFGNL se encontra em fase inicial de desenvolvimento, pelo que os investigadores concluem não ser, ainda, possível validar a precisão das estimativas preliminares de custos anunciadas pela Woodside.

A Plataforma Flutuante de GNL é considerada a operação de produção em alto mar (offshore) mais complexa e mais dispendiosa alguma vez tentada, e que se encontra, ainda, numa fase experimental. Os peritos na matéria estimam que se poderá incorrer em custos adicionais na ordem dos 30 a 100 %, desde o início até se atingir a sustentabilidade operacional. Até ao momento, a experiência mais significativa da indústria sobre este processo de inovação radical ocorreu nas instalações do campo de gás natural de Snøhvit, no Mar de Barents, na Noruega. Ocorreram uma série de questões de concepção, capacidade de produção, operabilidade e manutenção que levaram mais de três anos para remediar. Comparativamente, a solução não experimentada do PFGNL levanta questões, também, ao nível económico. As margens de erro das estimativas iniciais são tipicamente bastante elevadas. Por ser uma novidade, os custos totais associados à instalação de PFGNL só podem ser conhecidos após a conclusão do projecto, com o sistema já estabelecido, e tendo-se já concluído pelo menos um ciclo significativo de operação e manutenção. A incerteza dos custos irá, em última análise, ter um impacto sobre os bolsos dos cidadãos timorenses e australianos.

Para agravar a situação, foram levantadas questões relativamente ao Seguro, devido à natureza particular do investimento. Todas as instalações de produção, armazenamento e descarregamento numa PFGNL se encontram concentradas num único espaço (hull). A perda deste espaço significa uma perda total do projecto. Nesta fase, permanece incerto de que maneira a indústria seguradora poderia gerir o risco de um seguro com estas implicações e desta magnitude. Em alternativa, os riscos de um projecto de GNL baseado em Timor-Leste, ou liquefacção em terra (onshore), são muito mais baixos, uma vez que esta é uma tecnologia bastante experimentada, com um registo histórico de 47 anos e com uma centena de unidades de liquefacção em mais de 23 locais, até ao momento.

Embora não existam dois projectos idênticos, em termos de engenharia e de estimativa de custos, as unidades de GNL em terra constituem uma alternativa estabelecida e provada, permitindo que o custo do risco seja calculado de forma precisa. Apesar dos projectos iniciais de PFGNL serem baseados em tecnologias de liquefacção provadas, o facto de ser desenvolvido em alto mar representa elevados riscos de desempenho, especialmente nas fases iniciais da vida do projecto. As primeiras unidades de PFGNL poderiam ter períodos de entrada em funcionamento mais longos ou menos previsíveis, à medida que os sistemas são testados e que quaisquer problemas inesperados na fase inicial são identificados, diagnosticados e reparados.

Uma das principais razões por que a opção do GNL em terra é geralmente melhor, é o facto de permitir a construção de uma instalação de cinco MMt/y para a base fixa de GNL, versus uma de quatro MMt/y para a PFGNL. Esta opção proporciona economias de escala ao mesmo tempo que acelera a monetização dos recursos. Estima-se também que o processamento de GNL em terra tenha menos tempo de inactividade, operando, em média, 340 dias por ano, contra 325 dias por ano para a PFGNL. O custo sai a 1100 dólares americanos por tonelada de capacidade anual no caso do GNL em terra, contra 2100 dólares americanos por tonelada de capacidade para a PFGNL.

Existem vários gasodutos de águas profundas, similares ao proposto para Timor-Leste, que, ou já se encontram em utilização ou estão na iminência disso, incluindo o Galsi, no Mediterrâneo, que alcança uma profundidade de 2.800 metros. O relatório constata que os 3.000 metros de profundidade do gasoduto de Timor-Leste não excedem a actual prática de engenharia ou as capacidades de transporte e colocação dos gasodutos, proporcionando aos investidores maior segurança nos investimentos.

O relatório conclui que “Na qualidade de um dos primeiros projectos de PFGNL, espera-se que o Greater Sunrise esteja sujeito à maior parte das questões associadas à imaturidade da solução, requerendo uma tolerância para o risco que pode ser aceitável para os empreiteiros do projecto, mas não necessariamente para uma nação emergente.”

Timor-Leste gastou milhões de dólares desde 2008 em dados primários, secundários e de terceiros, análises e diligência sobre todos os aspectos das opções propostas, e desenvolvendo o sector com os líderes da indústria mundial. Ao longo dos próximos meses, muitas destas constatações serão publicadas como parte do compromisso do Governo no sentido de sensibilizar o Povo em matéria de gestão de recursos e de garantir um elevado grau de transparência.

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