Nos dias 11 e 12 de Outubro, o Vice-Ministro das Finanças, Rui Manuel Hanjam, e sua delegação, deslocaram-se a Banguecoque com o propósito de participarem na reunião de consultoria de alto nível convocada e organizada pela Comissão Económica e Social para a Região da Ásia e do Pacífico das Nações Unidas (United Nations Economic and Social Comission for Asia and The Pacific – UNESCAP). A UNESCAP quis envolver 29 representantes de países da Ásia e do Pacifico, incluindo China, Japão, EUA e Singapura, no debate de questões actuais e mediáticas no panorama económico mundial, em particular, dar voz aos representantes dos países no sentido de estes expressarem as suas preocupações e perspectivas, enriquecendo e estipulando os aspectos a incluir na Agenda da 6ª Cimeira do G20 a realizar em Cannes, França, nos dias 3 e 4 de Novembro de 2011.
No rescaldo de uma recessão económica de impacto mundial, com particular foco na Zona Euro e nos Estados Unidos da América, e que se reflectiu nos países em vias de desenvolvimento, os países intervenientes foram unânimes em reconhecer a necessidade de se promover uma política transparente e inclusiva, impulsionando-se a participação e o compromisso de todos os países, tanto desenvolvidos como em vias de desenvolvimento, com o objectivo máximo de se alcançar um crescimento económico sustentável.
Com este objectivo, o grupo propôs a inclusão dos seguintes aspectos primordiais na Agenda da 6ª Cimeira do G20: implementação de medidas que permitam regular os preços dos bens alimentares, aumentar a produtividade agrícola regional e garantir a segurança alimentar dos mais pobres; desenvolver mecanismos de financiamento de infra-estruturas; consolidação dos regulamentos financeiros de modo a se usufruir de uma protecção contra as oscilações do mercado; implementação de medidas de gestão do capital; ênfase na restauração da confiança; e reforçar a coordenação e o compromisso entre os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.
Na sua intervenção, o Vice-Ministro das Finanças focou a perspectiva e a posição de Timor-Leste face ao panorama económico actual, à crescente inflação, à volatilidade dos preços dos bens alimentares, com destaque para o facto de Timor-Leste apresentar uma elevada taxa de importações, e ao sistema financeiro adoptado, questionando os demais participantes acerca de como um país subdesenvolvido pode crescer e desenvolver-se face à recessão económica dos países desenvolvidos, sendo que Timor-Leste tem tentado adoptar o modelo financeiro destes e ajustá-lo às suas especificidades regionais.
Neste sentido, Rui Manuel Hanjam explicou que Timor-Leste tem procurado minimizar os riscos da recessão global pela diversificação dos activos das receitas petrolíferas, pela adopção de uma política de transparência e rigor, sendo as receitas do Fundo Petrolífero reguladas pelo Rendimento Sustentável Estimado. Deste modo, pretende-se alcançar um crescimento económico sustentável e investir noutros sectores, permitindo que o país renuncie a uma economia dependente das receitas petrolíferas. Ao nível do sistema financeiro, evidenciou o desenvolvimento do programa que permitirá às famílias mais pobres, e com baixos rendimentos, ter acesso aos serviços financeiros, nomeadamente, a poupanças, empréstimos e seguros. Tal programa possibilitará aos agregados familiares assegurar os serviços de saúde e educações aos seus filhos e proporcionar a aquisição de micro-créditos para criar pequenos negócios, postos de emprego e meios de subsistência.
A participação da delegação de Timor-Leste foi elogiada pelos demais intervenientes, em particular devido ao papel activo do Vice-Ministro das Finanças nas discussões, ao conteúdo das suas contribuições e intervenções, e pelo ênfase que conferiu ao desenvolvimento e progresso já granjeado por Timor-Leste, apesar de este ser um dos países mais jovens da Ásia.
De acordo com Rui Manuel Hanjam, não obstante o facto de Timor-Leste ainda ter um longo caminho a percorrer e um árduo trabalho a empreender, a sua participação em encontros desta magnitude, permite que o mundo, neste caso o G20 e os Países da Ásia e do Pacifico, conheçam as suas necessidades, prioridades e preocupações, actuem em conformidade com as mesmas e estabeleçam laços de cooperação a nível internacional que darão espaço ao país para crescer e fazer frente às vicissitudes que assolam os mercados financeiros.