Timor-Leste defende uma ordem de segurança global mais inclusiva no Fórum Xiangshan

Timor-Leste defendeu em Pequim a criação de um sistema internacional de segurança mais justo, inclusivo e capaz de responder às novas ameaças globais. O apelo foi feito pelo Ministro da Defesa, Donaciano do Rosário Gomes, no dia 17 de setembro de 2025, durante a sessão plenária de abertura da 12.ª edição do Fórum Xiangshan, uma das mais importantes reuniões asiáticas sobre defesa e segurança.

“O Fórum constitui um espaço essencial de diálogo estratégico e de construção de confiança entre as nações, independentemente da sua dimensão ou poder”, afirmou o Ministro, sublinhando que a cooperação internacional é hoje mais urgente do que nunca.

 Timor Leste defende uma ordem de segurança global mais inclusiva no Fórum Xiangshan

Organizado anualmente pelo Governo da República Popular da China, o Fórum Xiangshan reúne ministros da Defesa, académicos e representantes de organizações internacionais para debater os grandes desafios da segurança global. Este ano, o tema central foi a construção de um sistema de governação da segurança global “mais justo e equitativo”.

A participação de Timor-Leste ocorre num contexto de crescente tensão internacional, em que a globalização aproxima economias e sociedades, mas também expõe vulnerabilidades coletivas. “As ameaças atuais — do terrorismo às alterações climáticas, das pandemias à cibersegurança — não conhecem fronteiras. Exigem soluções coletivas, mas enfrentam respostas fragmentadas”, destacou o Ministro Donaciano.

 Timor Leste defende uma ordem de segurança global mais inclusiva no Fórum Xiangshan

No seu discurso, o Ministro identificou três causas principais das falhas da atual governação global: as desigualdades estruturais que marginalizam os países pequenos e em desenvolvimento; a aplicação seletiva das normas internacionais, usada de forma conveniente; e as respostas insuficientes às novas ameaças, frequentemente tratadas como secundárias.

“Quando os Estados colocam os seus interesses imediatos acima do bem comum, a segurança coletiva enfraquece e as pessoas tornam-se mais vulneráveis”, alertou.

O Ministro recordou que Timor-Leste nasceu de uma longa luta pela autodeterminação e aprendeu, através da sua própria história, que a paz duradoura exige reconciliação, inclusão e respeito pela dignidade humana.

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“Somos um Estado jovem, mas acreditamos firmemente que mesmo as nações pequenas podem desempenhar um papel relevante na construção de uma ordem internacional mais justa e equitativa”, afirmou.

O Ministro destacou ainda a participação das Forças Armadas timorenses em missões das Nações Unidas e em operações bilaterais de manutenção da paz, sublinhando que a solidariedade internacional se constrói também através de contribuições modestas, mas consistentes.

O representante de Timor-Leste defendeu um conceito abrangente de segurança, que inclui não apenas a prevenção de conflitos armados, mas também as ameaças invisíveis e transversais. Entre as prioridades timorenses, destacou a segurança marítima — vital para um Estado insular dependente do mar —, a resiliência climática, a segurança alimentar, a saúde global e a cibersegurança, fatores diretamente ligados à estabilidade social.

“O sistema de governação da segurança deve proteger não apenas fronteiras, mas sobretudo a vida das pessoas e o futuro do planeta”, afirmou.

A presença em Pequim incluiu também contactos bilaterais. A delegação timorense visitou a 3.ª Divisão da Guarda, onde assistiu a uma parada militar e foi recebida pelo Coronel Li Yanqin, num gesto simbólico de aproximação entre os dois países. O convite oficial partiu da Embaixada da China em Díli, que destacou a importância da participação de Timor-Leste e prestou apoio à preparação da delegação.

Na parte final do seu discurso, o Ministro da Defesa deixou uma mensagem de esperança e compromisso: “Timor-Leste acredita na paz, porque a conquistou com sacrifício; acredita na reconciliação, porque a viveu dentro da sua própria sociedade; e acredita na cooperação, porque sabe que não podemos chegar longe sozinhos.”

Concluiu garantindo que o país continuará a investir nas suas Forças de Defesa, não apenas como instrumento de proteção nacional, mas também de apoio à paz, à cooperação internacional e ao desenvolvimento humano.

 

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