Declaração do Porta-voz do IV Governo Constitucional a 8 de Dezembro de 2010

Secretário de Estado do Conselho de Ministros e

Porta-voz Oficial do Governo de Timor-Leste

 

Díli, 8 de Dezembro de 2010

 

Governo de Timor-Leste preocupado pela descida da Woodside na Classificação da “Standard and Poor’s Rating Service”

 

Notícias recentes relacionadas com as actividades da Woodside Petroleum na Austrália Ocidental vieram reforçar o compromisso do Governo de Timor-Leste em garantir processos e diligências apropriados no desenvolvimento do Greater Sunrise. Uma abordagem dinâmica na obtenção de informações e avaliações independentes de empresas internacionais de renome permitirá um escrutínio rigoroso às submissões da Woodside.

Recentemente a “Standard and Poor’s Ratings Service” anunciou a redução da classificação de crédito e dívida associada da Woodside, passando de A- para BBB+, após o projecto Pluto da Woodside ter sido afectado por atrasos e custos superiores ao previsto. Um gasto extra de 900 milhões de dólares coloca agora o custo total estimado do projecto Pluto em 14 mil milhões de dólares, tendo a data de arranque sido adiada seis meses. Esta é a segunda grande revisão de custos desde que o projecto foi originalmente calculado em 11,2 mil milhões de dólares em 2007. A razão principal deste gasto extra mais recente foi a necessidade de reconstruir torres de queimador que não cumpriam os requisitos relativos a ciclones. As torres de queimador são uma tecnologia bem estabelecida, testada e experimentada. Isto levanta preocupações no seio do Governo Timorense no que se refere a potenciais custos extra da tecnologia de GNL flutuante não testada, proposta pela Woodside para o Greater Sunrise, a qual acarreta riscos muito superiores aos das simples torres de queimadores.

Caso se registem custos extra semelhantes no Greater Sunrise, os mesmos seriam efectivamente pagos pelo Povo de Timor-Leste antes que a Nação começasse a receber qualquer fluxo de receitas.

Outro projecto da Woodside na Austrália Ocidental, o Browse, no valor de 30 mil milhões de dólares, tem também andado nas páginas da imprensa australiana, com uma série de trocas que parecem familiares com a experiência timorense. O Director administrativo Don Voelte anunciou “Estamos a adorar a forma como as coisas estão a andar… não visionamos quaisquer obstáculos”, ao passo que o parceiro na empresa mista BHP Billiton, o patrão Michael Yeager, afirmou que o projecto ainda não tinha atingido uma “selecção conceptual” e que se deparava com enormes dificuldades técnicas. Voelte descreveu os comentários de Yeager como estando “totalmente errados”. A BHP Billiton é a maior produtora de petróleo e gás da Austrália.

De modo semelhante, a Woodside continuou a anunciar que o projecto do Greater Sunrise estava a avançar bem, quando na verdade as comunicações tinham praticamente cessado no último ano. A insistência do regulador petrolífero de Timor-Leste, a ANP, de que o Greater Sunrise permanecia na fase de “selecção conceptual” recebeu uma resposta idêntica da Woodside. Nos últimos meses a Woodside tem vindo a aceder a cumprir as condições exigidas pelos reguladores. A Woodside apresentou agora informações sobre três conceitos de desenvolvimento: a opção do gasoduto para Timor-Leste, a opção do gasoduto para Darwin e a opção de GNL Flutuante. Estes documentos estão a ser rigorosamente escrutinados pela ANP, juntamente com os reguladores australianos.

Os documentos revelam a avaliação da Woodside em como um gasoduto para Timor-Leste custará cerca de 400 milhões de dólares menos que um gasoduto para Darwin. Estudos independentes encomendados por Timor-Leste indicam que a poupança de dinheiro com um gasoduto para Timor-Leste deverá ser muito superior. O Governo tem mantido a sua posição de forma consistente em como a opção por um gasoduto para Timor-Leste é a mais segura e a mais viável em termos económicos, indo de encontro ao espírito dos tratados relativos ao Mar de Timor, os quais promovem a partilha de benefícios. O campo em produção na área, o Bayu Undan, canaliza o seu gás para Darwin, dando assim um grande impulso à economia do Território Norte.

O Porta-Voz do Governo, o Secretário de Estado Ágio Pereira, referiu que “estamos confiantes em como Timor-Leste possui os conhecimentos nacionais e internacionais para avaliar devidamente as opções de desenvolvimento referentes ao Greater Sunrise e afirmamos o nosso compromisso para gerir de forma responsável os recursos de Timor-Leste. Continuamos a preparar o sucesso comercial do gasoduto para Timor-Leste e estamos ansiosos por ver os benefícios chegarem a todos os intervenientes, em especial o nosso Povo.”

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