Timor-Leste continua a prestar tributo à memória de Sua Santidade o Papa Francisco, falecido a 21 de abril de 2025, na sua residência na Cidade do Vaticano. O luto nacional, decretado pelo Conselho de Ministros na sua reunião extraordinária de 22 de abril, vigora até às 24 horas do próximo dia 28, com a Bandeira Nacional hasteada a meio-mastro em todos os edifícios públicos.  

No sábado, 26 de abril, dia da cerimónia fúnebre do Santo Padre, vai realizar-se em Tasi Tolu uma missa solene a partir das 18 horas, organizada como expressão de gratidão e homenagem final ao Papa Francisco. O local, que acolheu a histórica celebração eucarística da sua visita apostólica a Timor-Leste, em setembro de 2024, volta agora a reunir a comunidade católica timorense, num gesto de comunhão e fé. A Igreja apela aos fiéis para que, como recordação da visita do Santo Padre, usem roupa branca durante a celebração. 

O Governo de Timor-Leste estará representado nas cerimónias fúnebres no Vaticano pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Bendito dos Santos Freitas, que acompanhará o Presidente da República, José Ramos-Horta. Timor-Leste será ainda representado pelo Cardeal Dom Virgílio do Carmo da Silva, Arcebispo de Díli, membro do Colégio Cardinalício e um dos 135 cardeais aptos para votar na eleição do futuro Papa. 

Na sequência do falecimento de Sua Santidade, o Governo emitiu um comunicado de condolências, onde expressa que “foi com enorme consternação e profundo pesar que Timor-Leste recebeu a notícia do falecimento de Sua Santidade o Papa Francisco, um líder espiritual de inestimável impacto para a humanidade, defensor incansável dos mais vulneráveis e promotor da paz, da justiça e da fraternidade entre os povos.” O Porta-Voz do Governo e Ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, afirmou que a visita do Papa “foi muito mais do que uma simples visita. Foi um encontro profundo com um povo que muito sofreu para conquistar a sua liberdade e independência. O Santo Padre chegou a Timor-Leste e conquistou os corações e a alma de uma nação, deixando uma mensagem poderosa: que o povo timorense transforme a sua fé na sua cultura — e conseguiu. A cultura da reconciliação, da tolerância e do perdão. A cultura de um povo que coloca, no mais alto patamar da sua existência, os valores da paz, da harmonia e da solidariedade. O nosso povo será eternamente grato pelo esforço do Santo Padre em nos ter concedido este encontro — esta união sagrada”. “Em nome do Governo e do povo timorense”, acrescentou, “apresentamos sentidas condolências à Igreja Católica, ao Colégio dos Cardeais, ao povo argentino e a todos os fiéis no mundo inteiro.” 

Os membros do IX Governo Constitucional prestaram também homenagem pessoal ao Sumo Pontífice ao deslocarem-se, no dia 22 de abril, à Residência Episcopal, em Lecidere, para assinarem o livro de condolências. Este gesto simbólico pretendeu reiterar, em nome do povo timorense, o apreço pela vida e obra de Sua Santidade. 

Em todo o território nacional, multiplicam-se as manifestações de homenagem. Os fiéis têm acorrido em oração nas suas paróquias e junto ao Monumento de Nossa Senhora em Lecidere, onde se realizam missas diárias desde 22 de abril. Outras paróquias e comunidades de diferentes municípios também celebram eucaristias em honra do Papa Francisco, unindo-se espiritualmente às cerimónias no Vaticano. 

Recorde-se que, numa das suas últimas visitas internacionais, o Papa Francisco esteve em Timor-Leste entre os dias 9 e 11 de setembro de 2024, naquela que foi uma visita apostólica histórica. A sua presença mobilizou centenas de milhares de fiéis, sendo a missa em Tasi Tolu, com cerca de 600 mil participantes, um dos momentos mais marcantes. Durante a estadia, o Santo Padre deixou uma mensagem de esperança e unidade, destacando o papel da juventude e a valorização dos valores culturais e espirituais do povo timorense. 

Em sinal de reconhecimento, após o seu regresso a Roma, o Papa Francisco endereçou uma carta de agradecimento ao Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, expressando “profunda gratidão pela calorosa receção e pelo apoio prestado” durante a visita. “Regressado a Roma de coração feliz com aqueles dias que vivi em Timor-Leste, venho reiterar o meu agradecimento ao Senhor Primeiro-Ministro e, através da sua pessoa, a quantos dum modo ou doutro concorreram para tornar possível e frutuosa a minha Viagem Apostólica a essa Nação”, escreveu o Sumo Pontífice, manifestando a sua alegria pelos dias passados no país. 

Na reunião de 23 de abril, o Conselho de Ministros deliberou designar o Ministério da Administração Estatal como o departamento responsável pela coordenação com a Conferência Episcopal Timorense da organização das cerimónias de homenagem em nome do Governo. Esta deliberação visa assegurar que as cerimónias sejam condignas e representativas do profundo apreço do povo timorense por Sua Santidade o Papa Francisco.