O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, acompanhado pelo Ministro da Juventude, Desporto, Arte e Cultura, Nelyo Isaac Sarmento, e pelo Secretário de Estado da Arte e Cultura, Jorge Soares Cristovão, inaugurou o Pavilhão de Timor-Leste na 60.ª edição da Bienal de Veneza, no dia 19 de abril de 2024, em Itália.
A Bienal, que se estenderá até a 24 de novembro de 2024, conta com a participação de 90 nações, incluindo Timor-Leste, que se apresenta pela primeira vez neste prestigiado evento mundial de arte. As migrações, a noção de identidade e as guerras marcam as exposições da maior mostra de arte contemporânea do mundo, cujo tema deste ano é “Estrangeiros em todo o lado”.
A exposição de Timor-Leste, intitulada “Kiss and Don’t Tell” (“Beija e Não Contes”), da autoria da artista Maria Madeira, homenageia a força e resiliência das mulheres timorenses durante a ocupação indonésia. O pavilhão apresenta obras de grande escala em tais estampados com marcas feitas de noz de betel, pigmentos naturais e uma performance que explora “trauma, esperança e cura”. Além da obra principal, que ocupa cerca de 25 metros quadrados, a exposição também apresenta diversas formas de expressão artística, incluindo instalações, vídeos e performances.
A cerimónia de abertura contou com a presença de numerosos turistas e timorenses, bem como de diplomatas, incluindo a Embaixadora de Timor-Leste no Vaticano, Chloé Silvia Tilman Dindo, e o Embaixador de Timor-Leste em Bruxelas, Jorge Trindade Camões, entre outros importantes representantes.
O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, no seu discurso a inauguração do Pavilhão, expressou o seu “orgulho” e “privilégio especial” em “inaugurar a primeira exposição de Timor-Leste na Bienal de Veneza”, “vinte e cinco anos após o povo timorense ter votado num referendo patrocinado pelas Nações Unidas para restaurar a independência”.
“Foram a nossa cultura e património distintos que uniram os timorenses durante a nossa luta de resistência e que alimentaram os nossos sonhos de liberdade” e “desde a independência, a nossa cultura e as nossas narrativas têm sido uma parte integrante dos nossos esforços de construção da paz e do Estado”, disse Xanana Gusmão.
O Chefe do Governo afirmou ainda que “é chegado o momento de promover a nossa cultura junto do mundo”, “a arte não pode ser apenas sobre o passado – deve igualmente abraçar o futuro e o potencial do nosso país”.
Xanana Gusmão salientou que “as histórias de ocupação podem ser difíceis de contar”, “no entanto, Maria Madeira consegue captar a escuridão da guerra, bem como o poder da reconciliação e as possibilidades de esperança”. “A arte de Maria Madeira incorpora as tradições intemporais do nosso povo em obras contemporâneas de verdade e beleza”.
Terminou a sua intervenção manifestando a certeza de “que esta exposição será uma inspiração para os artistas timorenses e que promoverá o desenvolvimento da arte contemporânea”, e que “embora seja a primeira vez que o nosso país participa na Bienal de Veneza, esperamos vir a participar em muitas mais exposições no futuro, de modo a celebrarmos a nossa nação e a partilharmos as nossas histórias com o mundo”.
O Secretário de Estado da Arte e Cultura, Jorge Soares Cristovão, destacou a importância deste momento para o país e reiterou o compromisso do Governo de Timor-Leste em promover a arte e a cultura como pilares do desenvolvimento nacional. Agradeceu também ao Primeiro-Ministro pela confiança depositada na equipa e na artista Maria Madeira, enfatizando o potencial desta participação para impulsionar o turismo e a economia criativa do país.