O Primeiro-Ministro, Kay Rala Xanana Gusmão, participou hoje, dia 4 de setembro de 2023, no segundo dia da Cimeira de Negócios e Investimentos da ASEAN, realizada em Jacarta, na Indonésia, onde discursou sobre o tema “resiliência e estabilidade numa economia global fragmentada”.

O evento reúne mais de 2000 participantes, no qual se incluem líderes mundiais e responsáveis seniores do setor privado. Esta cimeira tem como objetivo amplificar a voz do setor privado na condução de reformas de políticas públicas e posicionar a ASEAN no centro da interligação económica global.

Durante a sua intervenção, o Primeiro-Ministro Gusmão ressaltou a importância da adesão plena de Timor-Leste à ASEAN, para “dar confiança e segurança a empresas e investidores estrangeiros para investirem em Timor-Leste”, factor “fundamental para o crescimento da economia de Timor-Leste, para a criação de empregos e para modernizar e transformar a estrutura económica da nossa nação”.

Expressou também o desejo de Timor-Leste “fazer parte da abordagem ao crescimento e desenvolvimento ‘centrada nas pessoas’ da ASEAN”, que alcançou sucesso em “aumentar a riqueza per capita, a esperança de vida e os resultados de saúde, retirando milhões da pobreza”.

O Primeiro-Ministro enfatizou o êxito da ASEAN em “unir países com culturas e histórias diversas para formar uma comunidade unida por um compromisso comum com a tolerância, amizade e cooperação”, permitindo “construir a confiança entre os países da ASEAN e promover a estabilidade, unidade e paz”, especialmente “numa região que nem sempre foi unida e cooperante” e que “não há muito tempo foi vítima da colonização e da guerra fria”.

No discurso foram também abordados os desafios globais, em que “infelizmente, os grandes sucessos da ASEAN, assim como os da Ásia Oriental, não estão a ser replicados noutras partes do mundo”, onde “em vez de cooperação e harmonia, há a perda generalizada da dignidade humana e de esperança”.

O Chefe do Governo destacou ainda que “estamos a enfrentar condições climáticas cada vez mais extremas”, com “inundações, secas, ciclones e aumento do nível do mar”, “devido à incapacidade das potências globais em responder às alterações climáticas”.

Kay Rala Xanana Gusmão afirmou que “o falhanço do sistema económico global em desenvolver as regiões mais pobres do mundo está a resultar em fragilidade e declínios perigosos na capacidade do Estado” e “está a alimentar a migração em massa e as tragédias a que assistimos nas costas da Europa”, bem como “o extremismo, o crime transnacional e o crescimento de grupos de milícias”.

O Primeiro-Ministro expressou a necessidade de “estabelecer uma nova ordem internacional baseada na solidariedade humana e na prosperidade partilhada” e “que ajude Estados frágeis a construir resiliência e estabilidade”.

No final do seu discurso, Xanana Gusmão incitou a ASEAN a expandir a sua influência global e a apoiar os Estados frágeis, sublinhando a importância “da democracia e dos direitos humanos para a construção de Estados pacíficos”. “Numa economia global volátil, a ASEAN pode ter uma contribuição importante na construção da resiliência e da estabilidade internacional, através da tolerância e da dignidade humana”.

De 5 a 7 de setembro, o Primeiro-Ministro vai participar na 43.ª Cimeira da ASEAN, que decorre também em Jacarta, para  juntamente com Chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros da ASEAN e Parceiros de Diálogo discutir várias questões regionais e internacionais de interesse mútuo.