Declaração do Porta-voz do IV Governo Constitucional a 13 de Janeiro de 2010

Secretário de Estado do Conselho de Ministros e

Porta-voz Oficial do Governo de Timor-Leste

 

Díli, 13 de Janeiro de 2010

 

Os planos de desenvolvimento da Woodside relativos ao Greater Sunrise não serão aprovados

 

O Porta-voz do Governo de Timor-Leste, o Secretário de Estado Ágio Pereira, confirmou que os actuais planos propostos pela Woodside e pelos parceiros do consórcio relativos à canalização de gás a partir do campo do Greater Sunrise para Darwin ou para uma plataforma flutuante de GNL não serão aprovados pelo Governo de Timor-Leste, dado que a viabilidade comercial dos mesmos continua em causa. Esta comunicação vem pôr fim às conjecturas em relação a qualquer possível anúncio que a Woodside pretenda fazer em referência ao desenvolvimento do campo.

Ágio Pereira fez notar que o Governo está mandatado para fazer cumprir os termos do Tratado do Mar de Timor e que o Governo não tinha confiança na actual avaliação da Woodside relativa às opções de desenvolvimento propostas.

As preocupações tinham aumentado após os resultados de um estudo de viabilidade sobre o desenvolvimento do Greater Sunrise conduzido juntamente com a empresa malaia Petronas, bem como de outros estudos encomendados pelo Governo a avaliadores independentes, terem revelado divergências com as asserções originais da Woodside.

Há também dúvidas sobre se a viabilidade técnica e comercial da opção Timor-Leste foi devidamente avaliada, tendo em conta os riscos associados com as opções propostas pela Woodside. Estes riscos prendem-se com águas pouco profundas e com as longas distâncias que o gasoduto terá de percorrer, havendo ainda preocupações em relação às condições físicas adversas inerentes a plataformas flutuantes de GNL, o que poderá comprometer a capacidade de produção.

A opção do gasoduto para Timor-Leste foi eliminada unilateralmente pela Woodside sem uma avaliação prévia adequada.

Existe também muita especulação em torno das razões pelas quais um operador comercial põe de lado a opção relativa a um gasoduto para Timor-Leste protegido por águas profundas e 300 km mais próximo, minimizando assim os riscos quantitativos.

O custo é outro factor que o Governo crê que deve ser escrutinado de forma minuciosa na avaliação de cada opção referente ao desenvolvimento do Greater Sunrise. O gasoduto de 500 km entre o Bayu Undan no Mar de Timor e Darwin foi um dos mais caros da história do Território Norte; estes custos afectam em última instância as margens de lucro de todos os intervenientes.

As negociações referentes ao Greater Sunrise cessaram quase que por completo pouco depois de a Woodside ter anunciado os seus planos de desenvolvimento, os quais eliminavam a opção Timor-Leste. Apesar da posição do Governo no sentido de respeitar os termos do tratado, ao mesmo tempo que continuava a apresentar preocupações comerciais reais associadas com os planos de desenvolvimento propostos pela Woodside, esta última foi fazendo crer publicamente que as negociações com o Governo estavam a decorrer de acordo com o previsto.

O Secretário de Estado Ágio Pereira comentou “Os executivos da Woodside subestimaram a prioridade do Governo em garantir que os recursos pertencentes ao Povo de Timor-Leste são geridos de modo adequado. Desenvolvemos grandes esforços para avaliar, investigar, analisar e reanalisar devidamente os méritos da opção de Timor-Leste; estamos em crer que a Woodside não fez o mesmo do seu lado. Embora o Governo vá continuar a agir de boa-fé com os nossos parceiros, a decisão relativa ao desenvolvimento do Greater Sunrise não estará unicamente nas mãos dos executivos da Woodside.’

‘O desenvolvimento do Greater Sunrise e a aprovação de planos de desenvolvimentos relativos ao mesmo serão baseados na opção que contribua de forma mais efectiva para o desenvolvimento de Timor-Leste e para a melhoria das condições de vida do seu povo.’’

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