As celebrações do Dia Nacional dos Veteranos ocorreram durante os dias 2 e 3 de março, em Díli.
O seminário que abriu as comemorações do Dia Nacional dos Veteranos contou com as intervenções do Presidente da República, Francisco Guterres Lú Olo, do Primeiro-Ministro, Marí Alkatiri, do Ex-Vice Comandante em Chefe das FALINTIL e Ex-Presidente da República, Taur Matan Ruak, e do Secretário de Estado dos Veteranos, André da Costa Belo (L4).
O Presidente da República no seu discurso afirmou que “o povo timorense demonstrou capacidade de transportar os valores de outrora para construir a sua identidade como povo”, lembrando ainda que no mundo moderno, “no dia-a-dia de uma sociedade livre e segura, como a nossa, é fácil esquecer que nós somos livres porque os heróis, os veteranos, toda a resistência e todo o povo puseram os valores da nação e da nossa cultura acima de qualquer interesse pessoal, servindo o país, acima de tudo. Uma verdade que jamais deve ser esquecida se queremos realmente desenvolver esta terra e levar o país para a frente”. E terminou a sua intervenção, gritando vivas aos veteranos das frentes armada, diplomática e clandestina que unidos venceram as forças ocupantes indonésias.
Taur Matan Ruak apresentou o tema “Espírito e Valores da Resistência na Consolidação do Estado e Dignificação dos Veteranos, Combatentes e suas Gerações Vindouras”. Afirmou que “a vida não tem qualidade se não existirem os valores de humanismo, solidariedade, coragem, determinação, compaixão para com o próximo, valores em quais os antigos guerrilheiros acreditaram e que permitiram vencer o gigante vizinho”, salientando ainda que “todos têm a responsabilidade de manter estes valores perante as suas famílias, o país e transmiti-los às futuras gerações”.
O Primeiro-Ministro na sua apresentação sobre o tema “A Estratégia Nacional de Proteção Social e Sustentabilidade na Economia dos Veteranos” falou da melhor forma “de enquadrar os veteranos no processo de desenvolvimento nacional, tornando-os participantes ativos no processo político, social e económico de desenvolvimento do país”. Para isso, o Primeiro-Ministro referiu que o Estado deve criar instituições que enquadrem os veteranos no processo de desenvolvimento”, sendo, por isso mesmo, a criação do Conselho de Veteranos fundamental. Marí Alkatiri acrescentou ainda que “o Governo se encontra a colaborar com as autoridades relevantes com o intuito de garantir que todas as questões técnicas do Decreto-Lei sejam resolvidas e o diploma legisltivo seja promulgado o mais rapidamente possível.”
As comemorações continuaram na tarde de 2 de março com a celebração de uma missa na Catedral de Díli, e a visita ao Jardim dos Heróis, em Metinaro.
No sábado, dia 3 de março, as celebrações do Dia Nacional dos Veteranos continuaram com a cerimónia de lançamento da nova “Praça da Proclamação da Independência”, junto ao Palácio do Governo, presidida pelo Primeiro-Ministro.
No seu discurso, Marí Alkatiri, fez um resumo dos acontecimentos que antecederam o dia da Proclamação da Independência, afirmando que aquela se realizou “para dizer ao mundo que o objetivo do povo timorense era defender a sua terra e defender o seu direito à independência. A República Democrática de Timor-Leste nasceu para gritar bem alto ao mundo que nós estamos prontos para morrer, mas queremos a independência. Isto é que é história, isto é que é memória, isto é que é realidade”.
O Primeiro-Ministro afirmou ainda estar feliz por ser dado o devido reconhecimento ao dia 3 de março, enquanto Dia Nacional dos Veteranos, data da primeira Conferência Nacional da FRETILIN, criação do Conselho Nacional da Resistência Timorense, e eleição de Xanana Gusmão como Comissário Político da FRETILIN e Comandante das FALINTIL.
Marí Alkatiri concluiu recordando as palavras de Nicolau Lobato, a 20 maio de 1978, “nós somos um povo pequeno e fraco, mas sabemos, podemos e devemos vencer!”, acrescentando “nós já vencemos!”.
As cerimónias continuaram, sendo presididas pelo Presidente da República, José Guterres Lú Olo, com o içar da bandeira das FALINTIL e da bandeira nacional. Seguidamente, e antes do discurso do Presidente da República, foi lida a ata e o discurso de abertura da primeira Conferência Nacional da FRETILIN pelo Presidente da Comissão de Homenagem, Virgilio Smith.
Na sua intervenção a Presidente do Conselho de Administração do Centro Nacional Chega!, Inês Almeida, prestou homenagem a Natalina Felipe Ramos-Horta, pelas suas ações na luta pela libertação nacional, afirmando que “a sua coragem e persistência permanecerá na memória de todos”. Inês Almeida disse ainda que o Centro Nacional Chega! tem como visão preservar a memória passada enquanto ensinamento para o povo timorense e para toda a humanidade no fortalecimento da paz.
O Presidente da República no seu discurso afirmou que a “Praça da Proclamação da Independência é um símbolo que transmitirá a todos – veteranos e novas gerações – a mensagem de que a proclamação da independência em 1975 foi a afirmação decisiva, a nível nacional e internacional, de que seria uma questão de tempo até que os timorenses tomassem as rédeas do seu próprio futuro”.
Lú-Olo pediu ainda aos veteranos que “aproveitem o novo Conselho Nacional para promover e desenvolver um trabalho dedicado à nação agora livre, de forma transmitir os valores da resistência às novas gerações, para que estas compreendam o espírito de trabalho em prol da comunidade e da nação”, e finalizou lembrando que o “reconhecimento que a nação dá aos veteranos conduz a uma grande responsabilidade dos antigos combatentes perante a nação”.
Finda a cerimónia no Palácio do Governo, os veteranos realizaram uma marcha até ao Centro de Convenções de Díli, tendo as celebrações terminado neste local com uma festa em honra dos veteranos.