Declaração do Porta-voz do IV Governo Constitucional a 6 de Julho de 2009

Declaração do Porta-voz do IV Governo Constitucional,

Secretário de Estado do Conselho de Ministros

Díli, 6 de Julho de 2009

Honestidade

Num comunicado de imprensa emitido pela Fretilin no dia 2 de Julho de 2009, José Teixeira escreve “Nós (Fretilin) pedimos que sejam honestos com os nossos comunicados (de imprensa).”

O Secretário de Estado do Conselho de Ministros e Porta-voz do IV Governo Constitucional, Sr. Ágio Pereira, respondeu, “Conforme solicitado pelo nosso distinto colega Sr. José Teixeira, gostaria de aproveitar esta oportunidade para ser “honesto” com os comunicados de imprensa da Fretilin, mas primeiro creio que devemos enquadrar estes comunicados de imprensa no seu devido contexto.”

“Se formos a ver os comunicados de imprensa da Fretilin no passado, verificamos que basicamente já acusaram toda a gente de corrupção – o Primeiro-Ministro, os dois Vice Primeiros-Ministros, a maior parte do Governo e respectivas famílias, o Presidente da República, os assessores, os meios de comunicação social e mais recentemente o Banco Mundial, os parceiros de desenvolvimento e – pasme-se – até algumas nações ocidentais,” referiu Ágio Pereira.

Em 2007, numa carta dirigida ao editor de um jornal australiano protestando contra um artigo escrito por Greg Sheridan intitulado Fretilin Ainda Estranha o Conceito de Democracia, José Teixeira escreveu “Timor-Leste não é um ‘projecto australiano’ nem precisa a longo prazo de ser ‘levado pela mão da Austrália’ como defendido por Greg Sheridan, especialmente quando essa condução pela mão significa o envolvimento da Austrália num golpe para derrubar um governo democraticamente eleito, tal como sucedeu no ano passado.”

“Se um artigo de que não gostamos significa que a Austrália está envolvida num golpe, será que devemos estar preocupados agora, Sr. Teixeira? Corremos risco de invasão por parte de uma potência estrangeira? Quer-me parecer que o Sr. Kevin Rudd e o seu Governo têm assuntos mais importantes com que se preocupar, como por exemplo acções de manutenção de paz.’

“Ou será que um artigo de que não gostamos é simplesmente isso, sem significados mais profundos por trás?” questionou Ágio Pereira “Mas já que a Fretilin está a usar os meios de comunicação social fazendo circular artigos australianos como sendo recursos factuais dentro da sua própria propaganda, atentemos ao que escreveu Greg Sheridan após as eleições.

“A Fretilin está assim a enfrentar um momento semelhante ao do Hamas. Precisa decidir se é essencialmente uma milícia armada ou se é um partido político respeitável empenhado no processo democrático, o que significa aceitar os resultados eleitorais mesmo quando estes são derrotas’.

‘A Fretilin tem sido idealizada de forma absurda neste país. Desde sempre foi um movimento marxista e profundamente antidemocrático. Falhou como governo. Os seus líderes afirmam que não estão a ordenar ou mesmo a sancionar o surto de violência que se verificou esta semana. Mas as turbas que causaram os distúrbios eram compostas por apoiantes da Fretilin e os líderes da Fretilin poderiam ter posto fim aos tumultos.’

Mais de um ano depois, no dia 6 de Fevereiro de 2008, o deputado da Fretilin e antigo Primeiro-Ministro Estanislau da Silva proferiu palavras sinistras em declarações à ABC. “Vivemos num país pacífico, a situação actualmente é muito pacífica mas isso não é por causa do governo, é porque a Fretilin o tolera. A Fretilin decidiu não apelar a qualquer acção que pudesse pôr em perigo a segurança e a estabilidade deste país.”

Ágio Pereira prosseguiu, “Esperemos que a Fretilin continue a seguir esta política, mas sobretudo não podemos deixar de constatar a diferença entre a Fretilin de então e a Fretilin de agora, a qual se transformou milagrosamente nos cruzados da verdade, nos nobres cavaleiros da ordem de Alkatiri.”

Em 19 de Junho de 2006, o Gabinete do Primeiro-Ministro Mari Alkatiri emitiu um comunicado de imprensa do Governo da Fretilin intitulado “Novo arranjo da história sobre as Armas, rejeitada pelo Governo de Timor-Leste.” O comunicado foi emitido em resposta a artigos que apareceram nos meios de comunicação da Austrália defendendo que havia sido adjudicado um contrato ao irmão do Primeiro-Ministro. O comunicado de imprensa afirmou:

“Um dado concreto apresentado nos relatórios de hoje nos jornais The Age e Sydney Morning Herald é que a empresa liderada por Bader Alkatiri importou 257.000 cartuchos de munições no final de 2004 para o corpo de polícia,” afirmou o Sr. Antoninho Bianco, Ministro da Presidência do Conselho de Ministros de Timor-Leste.

“O que as reportagens não disseram foi que esta compra se deu em resultado de um concurso aberto, concebido com a contribuição de assessores internacionais e conduzido de uma forma totalmente transparente,” declarou o Ministro Bianco. “Esta compra de munições não constitui base para qualquer alegação de escândalo contra pessoa alguma do meu governo.”

Bader Alakatiri é o irmão do então Primeiro-Ministro Mari Alkatiri. Mari Alkatiri é actualmente o Secretário-Geral do partido da Fretilin.

O Primeiro-Ministro Xanana Gusmão solicitou às equipas de auditoria internacionais para “porem os dedos em todas as feridas”.

“Não hesitem em nos dizer o que está errado”, disse o Primeiro-Ministro Gusmão, “porque apenas agindo deste modo, poderão ajudar o governo a efectivamente ultrapassar o desafio que é reforma do sistema de gestão financeira de Timor-Leste”.

Ágio Pereira conclui, ‘Os factos são que o IV Governo Constitucional está a funcionar de forma democrática, reformando sistemas inadequados que a Fretilin estabeleceu para servir o partido”.

“O Primeiro-Ministro Gusmão está a estabelecer novos sistemas e a alcançar resultados. Em 2008, a nossa Nação foi a segunda mais rápida economia em crescimento no mundo, num ambiente pacífico e estável. Os deslocados internos regressaram todos aos seus lares, foram pagas pensões aos mais vulneráveis, as nossas forças de segurança estão a trabalhar de forma harmoniosa e o recorde de 12.8% de crescimento económico, providencia à nossa Nação grandes perspectivas para o nosso desenvolvimento.”

“O Primeiro-Ministro Xanana Gusmão alcança resultados porque ele e o seu Governo têm trabalhado em conjunto com o Presidente da República, com o Parlamento Nacional, com o sector privado, com o sector público, com os parceiros de desenvolvimento, com os nossos vizinhos geográficos e com o Povo de Timor-Leste, durante o seu mandato. Este sucesso do Primeiro-Ministro Gusmão é um teste vivo, construindo uma realidade que mantém agentes da Fretilin, como o Sr. José Teixeira e o Sr. Arsénio Bano, num ciclo interminável de pesadelos.”

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