O Dr. Rui Maria de Araújo é o Primeiro-Ministro de Timor-Leste. Tomou posse no dia 16 de fevereiro de 2015 e lidera o VI Governo Constitucional.
Rui Maria de Araújo nasceu no dia 21 de maio de 1964 no suco de Mape-Zumalai, município (distrito) de Cova Lima. Os seus primeiros anos de escolaridade foram interrompidos pela invasão das tropas indonésias, em dezembro de 1975, altura em que ele e a sua família se refugiaram em áreas controladas pela FRETILIN na zona ocidental do país – Suai (Cova Lima), Bobonaro e Ainaro. Após três anos a escapar à captura renderam-se às tropas indonésias, em 1978. Rui Araújo foi para Díli, onde concluiu os seus estudos secundários na Escola Católica, Externato de São José, a única escola a ensinar o currículo Português durante a ocupação indonésia.
Em 1985, Rui Araújo recebeu uma bolsa de estudo para estudar Literatura Inglesa na Universidade Satya Wacana, em Java Central. Na Indonésia, começou a participar em atividades clandestinas de apoio à luta da resistência como mensageiro, fornecendo informações à diáspora sobre a ocupação.
Em 1986, Rui Araújo tomou uma decisão que mudou a sua vida: seguir a carreira de Medicina, e ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Sultan Agung, uma Universidade Privada Muçulmana em Semarang, Indonésia. Em 1989, começou a segunda parte da sua formação na Faculdade de Medicina da Universidade Udayana. Foi nessa época que se tornou membro da RENETIL, Resistência Nacional dos Estudantes de Timor-Leste, e apoiou os esforços de comunicação do grupo, editando o seu boletim político “Neon Metin”.
Entre 1990 e 1992, Rui Araújo atuava em Bali como elemento de ligação entre o Comandante-em-Chefe das FALINTIL (Kay Rala Xanana Gusmão), José Ramos-Horta e as Organizações da Sociedade Civil, apoiando a luta da resistência. Em 1991, ajudou a equipa da Yorkshire Television, cujo documentário “In Cold Blood: The Massacre of Timor Leste” ajudou a mudar o curso da história, e em maio do mesmo ano conheceu Xanana Gusmão no seu esconderijo secreto em Lahane, Díli, para entregar um rádio emissor-recetor e receber instruções sobre a anunciada visita da Delegação Parlamentar Portuguesa, visita que não chegou a realizar-se.
Em julho de 1994, terminado o curso, com estágio de dois anos, o “Sr. Araújo “tornou-se “Dr. Araújo”, formando-se como Médico de Clínica Geral.
Preparado para servir as necessidades óbvias na sua terra natal, o Dr. Rui Araújo regressou rapidamente a Timor-Leste, e durante quatro anos trabalhou como Médico de Clínica Geral e Cirurgião no Hospital Provincial de Díli. Nesta época, geriu um programa de combate à tuberculose financiado pela Caritas Noruega e implementado em todas as Clínicas Católicas de Timor-Leste. Discretamente, ia prestando assistência médica a guerrilheiros nas aldeias e vilas, entre os quais o Chefe do Estado-Maior das FALINTIL, o falecido David Alex Daitula.
A experiência adquirida em Díli permitiu ao Dr. Araújo detetar as lacunas nos cuidados de saúde de Timor-Leste, levando-o a realizar uma pós-graduação em saúde pública, especializando-se, no início do ano 2000, em Políticas de Saúde, Gestão de Saúde e Financiamento de Saúde, na Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Os Serviços de Informação Indonésios tentaram bloquear o seu pedido de bolsa de estudo, uma vez que nesta altura (1998) já tinha sido identificado como um “operacional clandestino pró-independência”. Ainda ssim, fez o mestrado em Saúde Pública, que concluiu em 2001, após a sua pesquisa de campo ter resultado na tese ”Um Sistema de Saúde adequado para Timor-Leste na perspectiva dos Timorenses”.
Enquanto estudava na Nova Zelândia, na sua terra natal o povo timorense teve finalmente a oportunidade de escolher o futuro que queria para o seu país e a 30 de agosto de 1999 votou esmagadoramente pela independência num referendo promovido pela ONU. Rui Araújo trabalhou na Administração Transitória das Nações Unidas que se seguiu ao referendo, primeiro na Autoridade de Saúde Provisória, e depois como o Chefe de Divisão dos Serviços de Saúde. A 20 de setembro de 2001 foi nomeado pela FRETILIN como Ministro da Saúde do II Governo de Transição.
No dia da Restauração da Independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, Rui Araújo foi reconduzido pela FRETILIN como Ministro da Saúde no I Governo Constitucional da República Democrática de Timor-Leste. Foi Ministro da Saúde no I Governo Constitucional até agosto de 2007 e acumulou o cargo de Vice-Primeiro-Ministro dos Assuntos Sociais, em junho de 2006.
De 2007 a 2012, estando fora do Governo, continuou a usar as suas competências para servir Timor-Leste. Foi nomeado para o Conselho de Estado, o principal órgão de Estado Consultivo do Presidente da República, na época, Sua Excelência o Dr. José Ramos-Horta. Continuou a servir no sector da saúde como Assessor para a Política e Gestão do Ministério da Saúde até 2008 e assumiu, depois, funções como Assessor Sénior do Ministério das Finanças, primeiro no Programa de Desenvolvimento Profissional, depois nos Serviços Corporativos e, finalmente (até à sua nomeação como Primeiro-Ministro) como Assessor para a Política dos Serviços Corporativos.
Aderiu formalmente à FRETILIN em 2010 e em 2011 foi eleito como um dos membros do Comité Central.
Rui Araújo foi nomeado Primeiro-Ministro de Timor-Leste pelo Presidente da República, Sua Excelência Taur Matan Ruak, em fevereiro de 2015, depois do Primeiro-Ministro em exercício, Sua Excelência Kay Rala Xanana Gusmão, ter anunciado a sua resignação. O partido político de Xanana Gusmão, CNRT, propôs o o seu nome para o cargo de Primeiro-Ministro e, sendo o partido com o maior número de lugares no Parlamento Nacional, o Presidente aprovou o seu candidato. O Dr. Rui Araújo e os restantes membros do VI Governo Constitucional de Timor-Leste tomaram posse a 16 de fevereiro de 2015.