Divisões Administrativas

O território de Timor-Leste é constituído pela metade oriental da ilha de Timor, a ilha de Ataúro a norte da costa de Díli, o ilhéu de Jaco, no extremo leste, e o enclave de Oecussi-Ambeno, na costa norte da parte indonésia da Ilha de Timor. O território tem uma área total aproximada de 15 mil km², com uma população de cerca de 1,066,409 habitantes (Censos 2010), e tem por capital a cidade de Díli.

Em 1908, Portugal dividiu o território timorense em 15 comandos militares, encarregues também da administração civil, descentralizando-a. Uma década mais tarde a metrópole criou as primeiras circunscrições civis, desmembrando o monopólio do poder militar, cuja necessidade havia terminado com a assinatura da Sentença Arbitral de 1914 com a Holanda. Só em 1940 é criado o primeiro concelho - o concelho de Díli - tendo a partir de então coexistido concelhos e circunscrições até à elevação da última circunscrição (Oecussi-Ambeno) a concelho, em Agosto de 1973.

Em meados da década de 60, a administração portuguesa assentava em 11 concelhos, Bobonaro, Cova-Lima, Liquiçá, Ermera, Díli, Ainaro, Same, Manatuto, Baucau, Viqueque e Lautém; e numa circunscrição, o enclave de Oecussi-Ambeno. As fronteiras destas divisões são quase idênticas às dos actuais distritos, com três diferenças: o concelho de Aileu foi, nos últimos anos da administração portuguesa desmembrado de Díli; e, sob a administração indonésia, o subdistrito de Turiscai passou do distrito de Ainaro para o de Manufahi, em troca do de Hato Udo, que passou a pertencer a Ainaro. De entre todos os distritos de Timor-Leste, é Viqueque que apresenta uma área maior (884 km²) e Díli dimensões menores (364 km²).

Distritos

Distritos

Em termos administrativos, Timor-Leste encontra-se dividido em 13 distritos: Bobonaro, Liquiçá, Díli, Baucau, Manatuto e Lautém na costa norte; Cova-Lima, Ainaro, Manufahi e Viqueque, na costa sul; Ermera e Aileu, situados no interior montanhoso; e Oecussi-Ambeno, enclave no território indonésio. Os actuais 13 distritos de Timor-Leste mantêm no essencial os limites dos 13 concelhos existentes durante os últimos anos de administração Portuguesa. Cada um destes distritos possui uma cidade capital e é formado, por sua vez, por subdistritos, variando o número destes entre três e sete, numa média de cinco subdistritos por distrito. Em termos demográficos, é o distrito de Díli que concentra apresenta maiores valores totais e Aileu é o distrito com menos população, muito embora possua uma área superior ao dobro da de Díli.

Subdistritos

Subdistritos

Cada um dos 67 subdistritos inscritos nos 13 distritos, possui uma localidade capital e subdivisões administrativas, os sucos, que variam entre 2 a 18 por subdistrito. O maior subdistrito é o de Lospalos, em Lautém, com 635 km², e o menor é Neinfeto, em Díli, com 6 km². Fato Lulique, sendo um dos subdistritos mais pequenos, é o menos povoado, com cerca de 2 mil habitantes. Naturalmente, os subdistritos que apresentam maiores valores demográficos são os que compõem o distrito de Díli, mais particularmente os que englobam a cidade capital do país.

Sucos

A menor divisão administrativa de Timor-Leste é o suco, que pode ser composto por uma ou mais aldeias. Existem 498 sucos no território, numa média de 7 por subdistrito. O Distrito de Baucau é o que tem um maior número de sucos, 63, e o distrito de Ainaro o que apresenta menos divisões, 21 sucos. Analisando a média distrital de número de sucos por subdistritos, os distritos mais centrais salientam-se como os mais segmentados administrativamente. Aileu e Ermera possuem a média mais elevada, 11 sucos por distrito, e Ainaro e Oecussi-Ambeno apresentam a média mais baixa, 5 sucos por subdistrito. São os subdistritos mais centrais e montanhosos que apresentam um maior número de sucos: Aileu, distrito de Aileu, e Bobonaro, distrito de Bobonaro, são compostos por 18 divisões cada um; contrariamente, os subdistritos de Hato Udo, em Ainaro, e Tutuala, em Lautém, ambos perto da costa e com um relevo suave, possuem apenas dois sucos cada um.

No que respeita às dimensões, os maiores sucos encontram-se localizados nos distritos mais orientais de Timor-Leste, com destaque para Laline, no subdistrito de Lacluta, distrito de Viqueque, com 212 km². Os 15 sucos de menores dimensões encontram-se situados no distrito de Díli, assemelhando-se a bairros, com áreas compreendidas entre 2 km² e 6 ha. A população não se distribui uniformemente pelos vários sucos. Entre os sucos com população inferior a 500 habitantes, encontram-se dois dos quatro que integram o subdistrito de Fato Lulique, em Cova-Lima, um dos quais, com apenas 136 habitantes, é considerado o suco menos povoado de Timor-Leste. Como seria de esperar, de entre os sucos com valores demográficos superiores a 5 mil habitantes, vários pertencem ao distrito de Díli, maioritariamente ao subdistrito de Dom Aleixo. Contudo, o suco com maior população absoluta, quase 10 mil habitantes, é Fuiloro, em Lospalos, Lautém.

Breve Descrição por Distrito

Distrito de AileuDistrito de Aileu

Localizado a sul de Díli, a capital do país. Possui 44.325 habitantes (Censos 2010), uma área de 729 km² e uma densidade demográfica de 50,6 h/km². A sua capital é a cidade de Aileu. Aileu fazia inicialmente parte do concelho de Díli e só foi autonomizado nos últimos anos da Administração Portuguesa. O distrito de Aileu inclui actualmente os subdistritos de Aileu, Laulara, Liquidoe e Remexio.

 

Distrito de AinaroDistrito de Ainaro

Localizado no sudoeste do país. Possui 59.175 habitantes (Censos 2010) e uma área de 797 km². A sua capital é a cidade de Ainaro. O distrito de Ainaro é idêntico ao concelho do mesmo nome do tempo do Timor Português, com as seguintes excepções: durante a administração indonésia o subdistrito de Turiscai passou do distrito de Ainaro para o de Manufahi, em troca com o de Hatudo que passou a pertencer a Ainaro. O distrito de Ainaro inclui actualmente os subdistritos de Ainaro, Hatudo, Hatu Builico e Maubisse. O distrito de Ainaro tem uma grande abundância de cursos de água e de terrenos férteis para a agricultura. Tem uma área litoral, na costa sul do país, mas também zonas montanhosas, incluindo o ponto mais alto de Timor-Leste, o Monte Ramelau (2.960 m). Historicamente, Ainaro teve um papel importante durante o período da Resistência à ocupação indonésia de Timor-Leste, dando abrigo aos guerrilheiros nas suas montanhas. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Ainaro grande parte da população expressa-se também em mambai.

 

Distrito de BaucauDistrito de Baucau

Localizado na zona oriental do país a cerca de 122 km da capital Dili, é a segunda cidade do país, possui 111.694 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.494 km². A sua capital é a cidade de Baucau. Nos tempos da colonização portuguesa era chamada Vila Salazar. O Distrito de Baucau inclui os subdistritos de Baguia, Baucau, Fatu Maca, Laga, Quelicai, Vemasse e Venilale (chamada Vila Viçosa durante o tempo de administração Portuguesa). A 6 km da cidade de Baucau fica o maior aeroporto internacional de Timor-Leste (código da IATA: NCH), actualmente sem utilização para a aviação civil. No subdistrito de Venilale (ex-Vila Viçosa) os túneis edificados pelos japoneses lembram o período da ocupação nipónica durante a Segunda Guerra Mundial. A principal actividade económica do distrito de Baucau é a agricultura (milho, arroz, amendoim, coco e produtos hortícolas). Com a melhoria gradual dos transportes e do fornecimento de energia eléctrica, tem-se observado um progressivo desenvolvimento do sector privado e das pequenas e médias empresas. O distrito de Baucau tem também uma vasta zona de litoral, com praias atraentes, ideais para nadar e para outras actividades aquáticas. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Baucau grande parte da população fala o dialecto local, macassai.

 

Distrito de BobonaroDistrito de Bobonaro

Localizado na zona ocidental do país, junto à fronteira com a Indonésia. Possui 92.084 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.368 km². A sua capital é a cidade de Maliana que fica a 149 km para sudoeste de Díli, a capital do país. O distrito de Bobonaro é idêntico ao concelho do mesmo nome do tempo do Timor Português que, na época, tinha capital na Vila Armindo Monteiro, hoje chamada Bobonaro. O distrito inclui os subdistritos de Atabae, Balibó, Bobonaro, Cailaco, Lolotoi e Maliana.

 

Distrito de Cova LimaDistrito de Cova Lima

Localizado na zona ocidental do país, junto à fronteira com Indonésia. Possui 59.455 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.226 km². A sua capital é a cidade de Suai que fica a 138 km para sudoeste de Díli, a capital do país. O distrito de Cova Lima inclui os subdistritos de Fatululique, Fatumean, Fuorém, Mape-Zumulai, Maucatar, Suai e Tilomar.

 

Distrito de Díli (capital)Distrito de Díli

Localizada na costa norte da ilha de Timor que confina, a nascente, com o distrito de Manatuto, a sul com Aileu, a poente com Liquiçá e a norte com o Mar de Savu; integra também a ilha de Ataúro, localizada frente à cidade de Díli. Possui 234.026 habitantes (Censos 2010) e uma área de 372 km². É o distrito mais pequeno do país. A sua capital é a cidade de Díli que é também a capital de Timor-Leste. O distrito de Díli é idêntico ao concelho do mesmo nome do tempo do Timor Português que chegou a incluir o concelho (hoje distrito) de Aileu. O distrito de Díli inclui actualmente os subdistritos de Ataúro, Cristo-Rei, Dom Aleixo, Nainfeto, Metinaro e Vera Cruz.

 

Distrito de ErmeraDistrito de Ermera

Localizado na zona central do país. Possui 117.064 habitantes (Censos 2010) e uma área de 746 km². A sua capital é a cidade de Gleno que fica 58 km a sudoeste de Díli, a capital do país. O distrito de Ermera inclui os subdistritos de Atsabe, Ermera, Hatólia, Letefuó e Railaco. Entre outras culturas agrícolas, Ermera distingue-se como uma das zonas de cafezais de excelência do país.

 

Distrito de LautémDistrito de Lautém

Localizado na ponta oriental da ilha de Timor, inclui também a ilha de Jaco. Possui 59.787 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.702 km². A sua capital é a cidade de Lospalos que fica 248 km a leste de Díli, a capital do país. O distrito de Lautém é idêntico ao concelho do mesmo nome do tempo do Timor Português. Naquele tempo, muitas localidades tinham nomes portugueses, a começar pela vila de Lautém que se chamava Vila Nova de Malaca, mas também a actual Com (antigamente Nova Nazaré), Tutuala (antigamente Nova Sagres), Laivai (antigamente Nova Âncora) e Loré (antigamente Silvícola), entre outras. O distrito de Lautém inclui os subdistritos de Iliomar, Lautém Moro, Lospalos, Luro e Tutuala. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Lautém os habitantes expressam-se em fataluco, idioma com raízes nas línguas papuas, faladas na ilha da Nova Guiné.

 

Distrito de LiquiçáDistrito de Liquiçá

Localizada na costa norte do país, a cerca de 32 km de Dili. Tem fronteira com os distritos de Bobonaro e Ermera a sul; Díli a nascente; e o Mar de Savu a norte e a poente. Possui 63.403 habitantes (Censos 2010) e uma área de 543 km². A sua capital é a cidade de Liquiçá. O distrito de Liquiçá inclui os subdistritos de Bazartete, Liquiçá e Maubara. O extenso areal de areia preta é uma das principais atracções turísticas de Liquiçá. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Liquiçá a quase totalidade da população expressa-se também em tocodede.

 

Distrito de ManatutoDistrito de Manatuto

Localizado na zona central do país, abarcando a costa norte e sul da ilha. A norte confina com o mar do Estreito de Wetar; a nascente com os distritos de Baucau e Viqueque; a sul com o Mar de Timor e a poente com os distritos de Manufahi, Aileu e Díli. Possui 42.742 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.706 km². A sua capital é a cidade de Manatuto. A ribeira mais extensa de Timor-Leste, a ribeira de Lacló, desagua no distrito de Manatuto, entre a ponta de Subaio e a baía de Lanessana. O distrito de Manatuto inclui os subdistritos de Barique-Natarbora, Laclo, Laclubar, Laleia, Manatuto e Soibada. Para além das "línguas oficiais" de Timor-Leste, tétum e português, em Manatuto grande parte da população fala também galóli, idioma reconhecido com o estatuto de "língua nacional" pela Constituição.

 

Distrito de ManufahiDistrito de Manufahi

Localizado na costa sul da ilha, confina a nascente com o distrito de Manatuto, a norte com Aileu, a poente com Ainaro e a sul com o Mar de Timor. Tem 48.628 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.325 km². A sua capital é a cidade de Same. O distrito de Manufahi é idêntico ao concelho de Same do tempo do Timor Português criado em 1945 e inclui os subdistritos de Alas, Fatuberliu, Same e Turiscai. Este último subdistrito -- Turiscai -- pertencia ao distrito de Ainaro e foi durante a administração indonésia que passou para Manufahi, em troca com o de Hatudo que passou a pertencer a Ainaro. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Manufahi grande parte da população expressa-se também em mambai.

 

Distrito de Oecussi-AmbenoDistrito de Oecussi-Ambeno

Localizado na costa norte da metade ocidental da ilha de Timor, constituindo um enclave de Timor-Leste, uma vez que está separado do resto do país pela província indonésia de Timor Oeste, que rodeia o pequeno enclave por todas as direcções, excepto a norte, onde é banhado pelo Mar de Savu. Oecussi-Ambeno é uma palavra composta com os nomes dos dois reinos originais que formam o actual distrito. O território tem 64.025 habitantes (Censos 2010) e tem área de 815 km². A capital é a cidade de Pante Macassar que, no tempo dos portugueses, era conhecida como Vila Taveiro. O distrito de Oecussi-Ambeno é idêntico ao concelho de Oecússi do tempo do Timor Português, a última circunscrição timorense a ser elevada a concelho em Agosto de 1973, e inclui os subdistritos de Nitibe, Oesilo, Pante Macassar e Passabe.

Oecussi-Ambeno foi o primeiro ponto da ilha de Timor em que os portugueses se estabeleceram, pelo que é usualmente considerado o berço de Timor-Leste. Em 1556, um grupo de frades dominicanos estabeleceu o primeiro povoado em Lifau, a meia dúzia de quilómetros a oeste de Pante Macassar. Em 1702, Lifau tornou-se capital da colónia ao receber o primeiro governador enviado por Lisboa, estatuto que manteve até 1767, quando os portugueses decidiram transferir a capital para Díli, como resultado das frequentes incursões das forças holandesas. Será só em 1859, com o Tratado de Lisboa, que Portugal e Países Baixos, dividiram a ilha entre si: Timor Ocidental para os holandeses, com sede em Kupang, e Timor-Leste para os portugueses, com sede em Díli, reconhecendo Oecussi-Ambeno como um enclave português no espaço holandês.

A invasão indonésia do até então Timor Português ocorreu em Oecússi uma semana antes de no resto do território - foi em 29 de Novembro de 1975 que Pante Macassar foi ocupada pela quinta coluna do exército indonésio. Contudo, mesmo sob ocupação indonésia, Oecussi-Ambeno continuou a ser administrado como parte da província de Timor Timur (a designação de Timor-Leste na língua indonésia), tal como sucedia no tempo dos portugueses. Por conseguinte, aquando do reconhecimento da independência de Timor-Leste, em 2002, Oecussi-Ambeno tornou-se permaneceu naturalmente parte integrante da nação Timorense.Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Oecussi-Ambeno grande parte da população expressa-se em baiqueno.

 

Distrito de ViquequeDistrito de Viqueque

Localizado na costa sul da ilha. A nascente confina com Lautém, a norte com Baucau, a poente com Manatuto e a sul com o Mar de Timor. Tem 70.036 habitantes (Censos 2010) e uma área de 1.781 km². A sua capital é a cidade de Viqueque. O distrito de Viqueque inclui os subdistritos de Lacluta, Ossu, Uatolari (chamado Leça, no tempo dos portugueses), Uato Carabau e Viqueque. Para além das línguas oficiais do país, o tétum e o português, no distrito de Viqueque grande parte da população expressa-se também em macassai.

 

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