Importância da Família em Timor-Leste

Ter. 16 de agosto de 2011, 17:56h
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A cultura tradicional timorense – tão bem defendida durante a resistência, e que, serviu, também, para ajudar a defender o argumento da independência, pela diferença cultural relativamente ao povo ocupante – assenta na complexidade da estrutura familiar praticada em Timor-Leste.

Trata-se de uma estrutura muito particular, muitas vezes mal entendida pelos malae (estrangeiros). Não é por acaso que mesmo os desconhecidos, em Timor-Leste – e isso sim, já assimilado pelos malae – se tratam por mana ou ‘mão (se a idade ou situação social é semelhante para o feminino e masculino, respetivamente), tia ou tio (se se trata de alguém mais velho, uma ou duas gerações), avó ou avô (se a idade é já avançada).

Na prática, filhos, afilhados, primos ou pessoas da mesma ligação da estrutura tradicional, são considerados familiares diretos, situação que traduz o papel central estruturante dos laços familiares na sociedade timorense.

“O laço de parentesco oferece uma perspetiva de longo prazo, que falta noutras relações. A permanência das relações familiares, normalmente garantida pelo laço biológico, permite, em larga medida, a construção de confiança e compromisso mútuo. Criam-se âncoras - materiais e afetivas - entre os indivíduos e as suas famílias. Isto significa, numa família mais alargada como a que existe na estrutura tradicional de Timor-Leste, que existe um vínculo forte na sociedade que tem garantido o bem-estar entre as famílias. Existe uma solidariedade familiar, especialmente visível em cerimónias, como as de casamento, de funeral, ou nas cerimónias de feto sa umane (parentes por afinidade, por parte da mulher e por parte do marido), que são cerimónias tradicionais ainda muito conservadas na nossa sociedade”, explica a Ministra da Solidariedade Social, Maria Domingas Fernandes Alves.

Em Díli, com a rápida modernização que se tem vindo a verificar nos últimos anos, encontram-se já famílias timorenses que adotam uma vivência não tradicional, onde pais e filhos vivem sós, sem a restante família. Esta mudança – inevitável – terá o seu impacto na estrutura social. Uma das consequências mais imediata é a quebra do laço de solidariedade que tem vindo a ser praticada e desenvolvida ao longo do tempo. Maria Domingas Fernandes Alves, considera que tem de haver uma consciencialização e uma preparação para esta mudança, quer ao nível social quer, especialmente, por parte dos governantes.

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