"O PEDN é muito importante para a vida deste povo"

Seg. 09 de agosto de 2010, 11:15h
Bobonaro_PORTAL

Kay Rala Xanana Gusmão, antes da abertura da cerimónia da quadragésima sétima consulta sobre o Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional (PEDN) no sub-distrito de Bobonaro, sugeriu uma reflexão com a comunidade de jovens e crianças, propondo-lhes uma atitude de “respeito aos mais idosos, que foram os ex-líderes e que souberam sacrificar-se pela Pátria-Mãe, para que no final de tudo tivéssemos clareza enquanto caminhávamos em direcção à Independência” advertiu o Primeiro-Ministro, no passado domingo, dia 25 de Julho.

Xanana Gusmão realçou ainda que, relativamente à história da luta da independência, o início não foi no dia 7 de Dezembro de 1975, mas sim em Setembro, quando os inimigos começaram por conquistar as áreas fronteiriças, “portanto para se dar um passo em frente é necessário rever o passado e honrar os que deram a sua vida, cujos cadáveres estão espalhados pelas montanhas, bem como pelas muitas crianças vítimas de abandono por parte das mães que buscaram a independência”.

O Primeiro-Ministro dirigiu-se também aos anciãos – que no passado asseguraram a luta contra o inimigo, com as Mauzer e G3 – lembrando-os de que “o dia 20 de Agosto, é o vosso dia, dia dos antigos combatentes, e por isso devem participar na cerimónia do içar-da-bandeira”. Este programa irá realizar-se a nível nacional, e desde o sub-distrito, para que os mais novos possam reconhecer a figura dos antigos combatentes.

De 2006 a 2007, em Timor-Leste, surgiu de novo a crise que resultou na separação dos timorenses pelo que Xanana Gusmão apelou à população do distrito de Bobonaro para manterem a calma e não contribuirem para conflitos.

A abertura da consulta do PEDN foi feita pelo Administrador do sub-distrito de Bobonaro, Adelino Gouveia Brito, que o apresentou geograficamente indicando que este está rodeado pelos sub-distritos de Zumalai, Lolotoe, Maliana, Kailaku, Hatulia e Atsabe. O sub-distrito de Bobonaro tem uma superfície de 203 km2, é composto por 18 Sucos e 63 Aldeias, dos quais fazem parte 13,255 homens e 13,329 mulheres, fazendo um total populacional de 26,584 pessoas, sendo 5,465 o número de famílias, conforme os dados mencionados no registo de Fevereiro de 2010.

Adelino Gouveia Brito alertou o Primeiro-Ministro para a necessidade de reabilitação dos edifícios abandonados, desde os regimes Português e Indonésio, como os edifícios que compõem o complexo das forças militares. Outros pedidos de Administrador incidiram sobre a reparação de estradas, pontes, reparação das instalações junto do espaço turístico das águas mornas, electricidade, energia solar, o aumento do transporte de patrulhamento para a Polícia da Estação Sub-Distrital de Bobonaro, rádio-comunicaçao, água potável, descascadoras de arroz, debulhadoras de café, mini-tractores além do aumento do pessoal de saúde e equipamentos para a sede administrativa sub-distrital da polícia.

Os líderes comunitários apresentaram outras preocupações que se prendem com a necessidade de reparação do sistema de serviços da EDTL - Sub-Distrital de Bobonaro; com os mecanismos de controlo e disciplina dos funcionários; a presença, em Bobonaro, de companhias vindas de outros distritos; os serviços do Ministério da Solidariedade Social e do Ministério do Turismo, Comércio e Indústria; as carteiras para as escolas, as condições das escolas, os Veteranos; a construção de um monumento consagrado a Maulear e a Maria Tapo, os mecanismos do programa “o povo semeia e o Governo compra” (ou seja, quais os produtos preferidos); a irrigação, recuperação das instalações das águas mornas de Marobo, centro de acolhimento de idosos e a presença do Conselho Popular de Defesa (CPD-RDTL).

Relativamente a estas questões, Kay Rala Xanana Gusmão, na sua resposta, salientou a contribuição do povo para a criação de um Estado, o sangue derramado e os restos mortais sem paradeiro, com o intuito de alcançar a independência. Reafirmou que é a vez de o Estado cumprir a sua obrigação, de reflectir sobre esta realidade, de evitar que as atenções sejam desviadas do valor do sacrifício prestado pelo povo, considerando que desviar-se desta realidade é estar a trilhar pelo caminho errado. As afirmações do Chefe do Governo incidem sobre esta medida, a capacidade do Estado em fazer desenvolver este País, e que no ambiente de tristeza haja um consolo mútuo, muito embora esta democracia não nos permite este ambiente de consolo.

O Primeiro-Ministro referiu ainda que muitas Nações, que geograficamente dispõem de um território muito extenso, adquiriram a sua independência há já muito tempo e que até agora ainda não conseguiram estabelecer um Estado assente sobre um alicerce forte, por razões sociais, económicas, políticas e de estabilidade. Deu como exemplo a Guiné-Bissau, que pode servir de inspiração para este conceito de Independência de Timor-Leste, na medida em que até à presente data os conflitos continuam e a estabilidade ainda não está assente naquele País sem esquecer o facto de o Povo ter conseguido, no prazo de oito anos, estabelecer os alicerces do Estado, e de 2011 até 2030 o Estado pretender cumprir a sua obrigação na busca de uma melhoria de vida para todos.

Fizeram parte da comitiva do Primeiro-Ministro, o Pároco de Bobonaro e algumas Madres; o Ministro do Turismo, Comércio e Indústria, Gil Alves; o Ministro da Administração Estatal e do Ordenamento do Território, Arcângelo Leite; o Secretário de Estado da Pecuária, Valentino Varela; o Secretário de Estado dos Desastres Naturais, Jacinto Rigoberto; o Secretário de Estado da Agricultura, Marcos da Cruz e o Secretário de Estado das Obras Públicas, Domingos Caeiro.

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