Expo 2010 Shanghai-China abre as portas ao Mundo

Sá. 01 de maio de 2010, 00:50h
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No dia em que abre as portas ao mundo, o Comissário-Geral de Timor-Leste para a Expo 2010 Shanghai-China, Agio Pereira, fala-nos da primeira participação de Timor-Leste, como País independente e soberano, numa Exposição Mundial.

Como surgiu a decisão de Timor-Leste participar este ano, pela primeira vez, como país soberano, numa exposição mundial?

O convite foi dirigido ao Governo, há mais de três anos atrás, quando os primeiros passos preparativos foram dados pela Comissão Organizadora da China. Coube depois ao IV Governo Constitucional a responsabilidade de assegurar a presença Timorense neste importante evento mundial. Inicialmente o Ministério do Comércio e Turismo (MTCI) assumiu as primeiras etapas desta participação e subsequentemente o próprio Ministro de Turismo Comércio e Indústria, Dr. Gil Alves, levou o assunto para o Conselho de Ministros propondo o estabelecimento de um Comissariado sob o Conselho de Ministros para assumir todas as responsabilidades deste processo, incluindo aspectos legais e contratuais, estabelecimento das infra-estruturas e do secretariado, recrutamento de uma assessoria técnica, propostas orçamentais, patrocínio e outras. Fui indigitado pelo Conselho de Ministros para assumir o cargo de Comissário-Geral, o Secretário de Estado da Cultura e o Secretario de Estado da Juventude e Desporto são os Comissários. Ficou assim estabelecida a estrutura política para orientar todas as acções pertinentes à participação de Timor-Leste na Shanghai World Expo 2010. Foi, por conseguinte, uma decisão do próprio Conselho de Ministros em assegurar que o Estado Timorense esteja devidamente representado neste evento mundial e, sobretudo, de assegurar que os benefícios possíveis desta participação sejam garantidos.

Como tem sido o processo organizacional desta participação em Xangai?

O processo preparatório passou necessariamente na conceptualização desta participação, na clareza de uma filosofia Timorense para esta participação. Daí teve que nascer um plano, um plano que reflicta as expectativas do nosso Estado como já referi. Como colher os benefícios possíveis desta participação? A filosofia é de que esta participação é uma oportunidade de ouro para o nosso jovem Estado, erguido com uma Constituição com menos de oito anos ainda mas já que vai aproveitar-se desta oportunidade para, por um lado, testar as suas capacidades existentes e, por outro lado, comunicar ao mundo através da Expo o que somos, o que queremos, onde estamos e para onde vamos. Em última análise, queremos que os visitantes do nosso pavilhão e do website que desenhamos para a nossa participação na Expo, e ainda através do Portal do Governo, as pessoas sintam-se positivas quando ao nosso país e a nossa determinação de ter sucesso e que falem bem do nosso país e venham a Timor-Leste, seja como turistas e/ou investidores estrangeiros. Por isso o plano deve ser orientado para materializar este raciocínio. Sendo um país relativamente pequeno, com poucos recursos financeiros e humanos, temos que nos valer da nossa capacidade inovadora, da nossa criatividade. Por isso optamos por recrutar técnicos com experiencia na matéria e ter como coordenador-geral o Sr. Joaquim Brito, arquitecto, uma pessoa experiente na área. O cineasta Max Stahl e o grupo de arte ‘Arte Moris’ também estão envolvidos na feitura do nosso pavilhão e o Secretário de Estado da Cultura, Sr. Virgílio Smith e a sua equipa técnica também têm um papel activo a fim de enquadrar a arte e a cultura nacionais no plano da promoção criativa do nosso País. Todo este processo, muito embora com enorme atraso em termos de disponibilidade de tempo, até agora tem sido um sucesso.

Como já era de esperar, no dia-a-dia temos passado momentos de pânico, gritos às vezes, zangas e sustos, frustrações, tudo o que é de ‘bom’ quando se envereda por um trajecto desta magnitude e com a consciência de que estamos a trabalhar para servir o nosso Povo, portanto, é uma honra e privilegio termos recebido estas responsabilidades. Desde que não esqueçamos este privilégio e honra, todas as frustrações tornam-se gotas no oceano!

Quais são as expectativas de Timor-Leste em relação a esta participação?

Como já disse, em última análise, é assegurar que todos os que visitam o nosso pavilhão, de entre os cerca de 70 (setenta) milhões de visitantes desta Expo Mundial fiquem muito motivados em saber mais sobre o nosso Timor-Leste e de virem visitar o nosso Povo e investir no nosso País para o benefício nacional. Serão seis meses de actividades, desde 1 de Maio até 30 de Outubro, e teremos um ‘dia nacional’ que a Organização da Expo nos atribuiu, o dia 13 de Julho, no qual todo o dia será entregue a Timor-Leste para as nossas actividades promocionais. Este dia nacional já tem, como o tem para todos os países, uma matriz de um programa para todos seguirmos. E temos sorte porque o Sr. Presidente da República Dr. José Ramos-Horta já assegurou-nos a sua presença, portanto o nosso Estado neste dia nacional será representado pela sua mais Alta Entidade, o seu Chefe de Estado. Esta presença, sendo uma figura mundialmente reconhecida, será uma enorme mais-valia para as nossas iniciativas de promoção do nosso ainda muito jovem País. Contamos também com a presença de outros órgãos de soberania, dos Distintos Deputados do nosso Parlamento Nacional, da juventude que a própria Secretaria de Estado da Juventude e Desportos em sintonia com o Ministério de Turismo, Comércio e Indústria estão a preparar. Por isso, as nossas expectativas são bem elevadas pois esta é uma oportunidade raríssima para promovermos o moto nacional ‘Adeus Conflito, Bem-vindo Desenvolvimento”.

É uma experiencia para repetir?

Sim. Por isso começámos por estabelecer um local apropriado que nos foi garantido pelo Sr. Primeiro-Ministro e com todo o apoio do Sr. Presidente da República. ‘Memorial Hall’ ficou então o Secretariado de Timor-Leste para Shanghai World Expo 2010. Haverá sempre eventos desta magnitude em que a maioria dos países membros das Nações Unidas participam. Por isso optámos em começar por preparar o Memorial Hall e o Secretariado já com um sentido de permanência para dar cobro às necessidades do nosso Estado quanto à sua presença, em pé de igualdade com outros Estados, nas Expos Mundiais. Acredito que a nossa ainda muito jovem Nação bem merece esta projecção e tal deve ser feita com toda a dignidade que o nosso Povo também bem merece.

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